Um engenheiro reformado encontrou um anel pertencente a uma comunidade celta
Um anel “notável”, com “uma decoração complexa”, foi descoberto na Escócia por um arqueólogo amador, depois de ter estado enterrado durante mais de mil anos.
O “anel em forma de pipa com um centro de granada ou vidro vermelho” foi descoberto por um voluntário nas escavações de um forte em Burghead, no nordeste da Escócia, de acordo com a Universidade de Aberdeen, que liderou a escavação.
John Ralph, antigo engenheiro e licenciado pela referida universidade, inscreveu-se como voluntário nas escavações de Burghead depois de se ter reformado.
Ralph, que segundo a universidade se descreve como um “amador entusiasta”, teve muitos momentos durante as duas semanas de escavação em que os especialistas lhe disseram que “tinha jeito para encontrar ‘seixos brilhantes’”. Era a sua terceira escavação no local.
“Por isso, quando, no último dia da escavação final, encontrou algo que lhe pareceu interessante, não teve muitas esperanças. Só quando o mostrou a um colega voluntário e os seus olhos se iluminaram é que se apercebeu de que podia ‘ter alguma coisa’”, afirma a universidade num comunicado.
O professor de arqueologia que dirigiu a escavação, Gordon Noble, diz que o que Ralph lhe apresentou era “verdadeiramente notável”.
“John estava a escavar e depois veio e disse ‘vejam o que encontrei’”, relata Noble. “Mesmo antes do trabalho de conservação, podíamos ver que se tratava de algo realmente excitante, uma vez que, apesar de mais de mil anos no solo, podíamos ver os reflexos da possível configuração da granada”.
Os pictos foram um povo antigo que viveu no que é atualmente o leste e o nordeste da Escócia. Pouco se sabe sobre eles e “apenas fontes documentais limitadas e controversas sobrevivem para evidenciar os seus seis séculos de vida”, segundo o site oficial da Universidade de Aberdeen. De acordo com a mesma página, todos os vestígios dos pictos desapareceram dos registos escritos no século IX d.C.
Noble explica que existem “muito poucos anéis pictos que alguma vez foram descobertos e aqueles de que temos conhecimento provêm normalmente de tesouros que foram colocados no solo deliberadamente para serem guardados de alguma forma”.
“Não estávamos certamente à espera de encontrar algo como isto no chão do que foi outrora uma casa, mas que parecia de pouca importância, pelo que, como é típico, deixámos o trabalho para o último dia da escavação”, diz Noble.
O anel está a ser analisado no Serviço Pós-Escavação do Museu Nacional da Escócia, informou entretanto a universidade.
Ralph, que cresceu em Burghead, diz estar entusiasmado por ter ajudado a compreender o passado picto da região. “É uma verdadeira emoção desenterrar um artefacto, sabendo que se é provavelmente a primeira pessoa a vê-lo durante 1000 a 1500 anos”, afirma. “Torna-se um verdadeiro jogo de adivinhas sobre quem foi o dono, para que é que o usaram e como é que se perdeu”.
Susan O’Connor, diretora de bolsas da Historic Environment Scotland, diz que Ralph “desempenhou um papel fundamental ao trazer o objeto à luz – literalmente!”
Embora os materiais utilizados para fazer o anel “não sejam particularmente valiosos do ponto de vista monetário atual, esta descoberta é extremamente importante pelo que nos diz sobre a vida e a sociedade picta”, explica Susan O’Connor.
“Estamos ansiosos por saber mais quando os nossos colegas do Museu Nacional terminarem as suas investigações”.