O dia ansioso começou com a publicação nas redes sociais de uma carta aberta de Roger Federer, rival e “velho amigo”, elogiando Rafael Nadal. Mas só no início da tarde, uma hora antes da eliminatória fase inaugural final da Taça Davis, é que se soube da opção do capitão David Ferrer pelo maiorquino para o primeiro encontro do confronto com a Holanda. Nadal entrou no Palácio de Deportes José María Martín Carpena, em Málaga, ovacionado por 10 mil espectadores, mostrou-se emocionado ao ouvir o hino durante uma cerimónia de apresentação e como é seu timbre, deu tudo o que tinha no embate com o holandês Botic van de Zandschulp, mas perdeu.
Até esta terça-feira, Nadal sofreu uma única derrota em 30 jogos de singulares que disputou na Taça Davis, justamente no ano de estreia, 2004, frente ao checo Jiri Novak, mas desde 2019 que não representou a seleção. Colocadas as emoções de lado, Nadal começou a discutir a vitória com Van de Zandschulp (80.º no ranking), bem conhecido dos adeptos espanhóis por ter eliminado Carlos Alcaraz no último US Open. Mas o neerlandês sentiu-se mais confortável no quadra dura e com mais ritmo de jogo e graças a um quebrar a 4-4, desequilibrou o encontro.
Um segundo quebrar no início da segunda partida complicou a tarefa de Nadal que se viu a perder por 1-4, mas mostrou a fibra de campeão, quebrando pela primeira vez o neerlandês e reduzindo para 3-4. Mas no jogo derradeiro, os esforços para recuperar de 30-0 para 30-30 não foram suficientes para evitar a derrota, por 6-4, 6-4.
“Sinto que este foi o meu último encontro como profissional. Perdi o primeiro jogo na Taça Davis e perdi o último, assim fechamos o círculo”, brincou Nadal, antes de acrescentar, de forma bem sincera como sempre foi sua característica: “Treinei muito bem durante uma semana, as coisas aconteceram bastante bem e por isso o David Ferrer]deveria-me ter eleito, mas, depois do que demonstrei hoje em competência, se eu fosse o capitão, não me escolheria para jogar o próximo. Fiz o que pude, mas não deu para mais.”
A possibilidade de Nadal prolongar a carreira por mais uns dias ficou nas mãos de seus compatriotas, que tinham a missão de ganhar os dois encontros seguintes para colocar a Espanha nas meias-finais.
Carlos Alcaraz (4.º) fez a sua parte e derrotou Tallon Griekspoor (40.º), por 7-6 (7/0), 6-3, graças a uma exibição em crescendo, depois de ter estado em desvantagem, por 2-4.
“Comecei muito bem perdi um foco por um bocadinho, tentei manter-me positivo e sabia que ia ter oportunidades”, disse Alcaraz, que também revelou o segredo da sua motivação: “É um dia emocional, é a Taça Davis, é importante para todos nós. Fi-lo pelo Rafa.”
A decisão da eliminatória ficou conhecida já tarde, após os vencedores dos singulares regressarem ao tribunal para o encontro decisivo de pares. Alcaraz emparceirou com Marcel Granollers (4.º no ranking de pares) e Van de Zandschulp actuou ao lado de Wesley Koolhof (8.º) – também este a realizar a última prova enquanto profissional. E foram os neerlandeses os mais certos nos dois desempatespara vencerem, por 7-6 (7/4), 7-6 (7/3), para alegria dos cerca de mil adeptos que vieram da Holanda.
Ficou assim encerrada a magnífica carreira de Nadal que, aos 38 anos, se despediu com um recorde derradeiro: é o tenista espanhol com mais encontros realizados na Taça Davis nos últimos 30 anos, 43, ultrapassando Feliciano Lopez.
Nesta quarta-feira, realiza-se a segunda eliminatória dos quartos-de-final, entre a Alemanha e o Canadá. Para quinta-feira estão reservados os restantes dois quartos-de-final: Itália-Argentina e EUA-Austrália.