O corpo todo sente o impacto das mudanças de estação e o cabelo não é exceção, dizem os especialistas. Cerca de 70% das pessoas sofrem de queda de cabelo nesta altura do ano, contabiliza a dermatologista Helena Toda Brito. A alteração do ciclo capilar acontece por influência da mudança de luminosidade e da temperatura, refere Fábia Bessa, cabeleireirodo Grupo L’Oréal. Além dos cuidados óbvios com o cabelo, a alimentação também é importante, destaca o tricologista Ricardo Vila Nova. Bem-vindo ao Outono.
Há tratamentos específicos que atuam diretamente na raiz, começa por dizer a cabeleireiro e influenciador profissional Kérastase. Efetivamente, com a chegada do outono, o cabelo é afetado por mudanças bruscas de temperatura, além do vento e do aumento da umidade, o que pode resultar num “cabelo mais seco, sem brilho e com frisadoe até na sua queda”, explica ao PÚBLICO.
Além disso, as mudanças climáticas, bem como comportamentos associados, como chuveiros mais longos e com água mais quente, podem tornar o cabelo mais seco e quebradiço, acrescenta a dermatologista Helena Toda Brito. No couro cabeludo, verifica-se um “aumento da frequência e intensidade das crises de dermatite seborreica”, mais conhecido por caspa, exemplifica.
Mas há uma forma de minimizar todos estes problemas. O especialista indica alguns cuidados específicos para manter a saúde capilar no outono. Por exemplo, na lavagem do cabelo deve optar-se por um champô suave, adequado ao tipo de cabelo, e água morna em vez de quente, que “remove os óleos naturais” dos fios. No caso da caspa, pode ser necessário usar shampoos próprios, uma a duas vezes por semana.
Com a descida das temperaturas e menor transpiração, as lavagens podem ser mais espaçadas, concordam os especialistas. O tricologista Ricardo Vila Nova destaca, contudo, que “a rotina de lavagem não tem de obedecer a uma sazonalidade, mas sim à condição original do cabelo”. Por exemplo, um cabelo “mais seco” não exige lavagens tão frequentes quanto um “couro cabeludo mais oleoso ou que transpira”. Portanto, não há propriamente uma regra, diz.
Reforçar hidratação
No entanto, nesta estação, é importante “reforçar a hidratação com amaciador e máscaras capilares hidratantes”, com destaque para ingredientes como o óleo de abacate, de jojoba e manteiga de carité, indica Helena Toda Brito. Produtos como óleo de argão, camélia e coco, ricos em ácidos graxos e antioxidantes também são essenciais para proteger o cabelo, segundo Fábia Bessa.
Em cabelos pintados, “os cuidados devem ser redobrados”, continua a cabeleireirouma vez que a umidade e o tempo seco “podem fazer a cor desbotar”. Desta forma, deve ser aplicado um produto que sele a cor sem pesar e combine com uma máscara, uma vez por semana, para preservar o brilho do cabelo.
Para os dias de chuva ou vento, penteados apanhados como coques e tranças são opções práticas, sugere Fábia Bessa. Para além de manterem o cabelo fixo, proteger os fios de cabelo de se embaraçarem, explica.
Acessórios como chapéus e cachecóis são resistentes de resistir no tempo frio. Mas há um pequeno problema: provocar atrito nos fios de cabelo e pode até quebrá-los, principalmente se for fino, acrescenta. Um óleo leve vai criar uma camada protetora e de forma moderada, sem deixar o cabelo oleoso, sugere.
Alimentação pode fazer a diferença
O outono exige alguns ajustes, não só o nível do cabelo, mas “também a pele e a nossa própria necessidade em termos de reposição alimentar varia muito”, refere o tricologista. O nosso organismo tem de se reajustar às alterações “em todo o nosso interior, em termos hormonais e de consumo energético de proteína”, afirma. Nas estações mais frias, a pele “tende a ficar mais seca”, uma vez reduzida a produção glandular.
“Para além de qualquer conselho de produtos ou tratamento, o mais importante é mesmo manter uma alimentação saudável e equilibrada. Vitaminas, proteínas, e hidratação são sem dúvida os melhores amigos da nossa saúde por inteiro”, garante Fábia Bessa.
“É impossível irmos contra os factores naturais”, refere Ricardo Vila Nova, pelo que “melhorar o sistema imunitário e os níveis proteicos no sangue” torna-se relevante. Um exemplo é a suplementação mais rica em vitamina B12 e em ácido fólico, que também beneficia a saúde do cabelo.
Em muitos casos, a alimentação pode fazer a diferença, com o reforço de alimentos ricos em zinco e ferro que podem ajudar a minimizar a queda de cabelo, junta Fábia Bessa.
Queda sazonal chega a 70%
Durante o outono ocorre um aumento da queda de cabelo — chamado deflúvio telogênico sazonal —, explica Helena Toda Brito. É fisiológico, “ocorrendo em cerca de 70% das pessoas”, segundo a médica, como resposta do ciclo de vida do cabelo às mudanças ambientais. Esta queda é maior no Outono e menor na Primavera.
Por sua vez, Ricardo Vila Nova compreende a “sensação de angústia, quando nos apercebemos que cai mais cabelo na escova”. Contudo, o primeiro passo é perceber “se este é um problema temporário ou se é algo que se estende a longo prazo”, sublinha.
“Não existe nada que possa ser feito para evitar ou travar esta queda”, diz o especialista em dermatologia, mas trata-se de uma situação temporária, que “tende a normalizar em dois a três meses, habitualmente sem necessidade de tratamento”. Porém, se a queda de cabelo for muito acentuada ou não se resolver dentro desse tempo, deve ser avaliada em consulta médica.
Texto editado por Bárbara Wong