O primeiro-ministro, Luís Montenegro, reuniu-se esta quarta-feira com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, na sua residência oficial. No final do encontro, que durou pouco mais de uma hora, ambos se mostraram preocupados com a “multiplicação de conflitos” internacionais. Guterres olha para a notícia sobre o cessar-fogo no Líbano como “o primeiro raio de luz de esperança” e a situação em Moçambique preocupa Montenegro.
Ao lado de António Guterres, o primeiro-ministro garantiu o “empenhamento” de Portugal em “poder contribuir para que o [seu] manda na ONU poder obrigar”.
Luís Montenegro diz que o país é visto como “construtor de pontes entre nações” e o facto de existirem “portugueses que se evidenciaram” na Comissão Europeia, como é o caso de Durão Barroso, e António Costa em breve, dá ao país “um crédito , um reconhecimento, muito relevante” na capacidade de “colocar em diálogo países” por vezes em conflito.
“Continuaremos a cumprir a nossa missão no contexto internacional de apoio às Nações Unidas”, reiterou o primeiro-ministro, “na garantia pela preservação do direito internacional e humanitário, ao lado da Ucrânia na defesa da integralidade do seu território”, e ainda “ ao lado dos afetados pela falta de ajuda humanitária, estejam em que lado estiverem e em que circunstâncias se encontrarem”.
A situação em Moçambique, “país amigo e irmão”, preocupa particularmente o primeiro-ministro, que quer “garantir contenção e capacidade de diálogo” para evitar uma “escalada de violência”.
“Sérios Desafios”
Por sua vez, António Guterres apontou a crise climática, a inteligência artificial, “que se desenvolve sem o mínimo de controlo à escala global” e que pode ser também “uma ameaça existencial”, as “profundas desigualdades e injustiças” e a “multiplicação de “, como “sérios desafios que se impõem à Humanidade”.
Sobre o papel de Portugal, seguiu a mesma linha do primeiro-ministro, salientando que o país é visto como “um país-ponte, que aproxima os outros quando eles estão desavindos”.
Quanto ao cessar-fogo no Líbano, o secretário-geral da ONU vê-o como “o primeiro raio de luz de esperança”, mas nota ser essencial que, quem assinou o compromisso, “o respeite integralmente e que abra caminho para uma solução política”. A Força Interina das Nações Unidas no Líbano está “preparada para dar o seu contributo para a verificação deste cessar-fogo com total empenhamento”, garantiu.
“É evidente que, no momento em que verificamos que os conflitos se multiplicam e que há uma sensação de impunidade, em que várias potências se podem dar ao luxo de fazer em o que quiserem sem que nada aconteça, colocando em causa a paz e a segurança deles próprios e dos seus vizinhos, é absolutamente fundamental marcar a importância do respeito pelo Direito Internacional”, apelou, pedindo uma “paz justa” à Ucrânia, com a sua “integridade territorial”.
Os pedidos de paz estenderam-se ao Médio Oriente, “com um cessar-fogo imediato” e libertação dos reféns. Insistiu também na abertura da ajuda humanitária “sem restrições” à população de Gaza, propondo uma “solução baseada em dois Estados”.
“Temos pela frente muitos desafios mas estamos confiantes de que com a acção determinada de Portugal e de todos aqueles que, como Portugal, querem um Mundo em que o direito prevaleça e em que a justiça triunfe, será possível enfrentá-los e construir um Mundo melhor de que todos necessitamos”, concluiu António Guterres.