O índice de materiais-primas elaborado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (mundialmente conhecido pela sigla FAO, em inglês) registrou, em 2024, um novo incidente face aos valores registrados atingidos no ano em que teve início a invasão da Ucrânia pela Rússia.
No ano passado, o indicador que segue os preços dos cereais, óleos alimentares, carne, leite e derivados e açúcar para exportação nos mercados internacionais fechou com uma média de 122 pontos, anunciou nesta sexta-feira a agência da ONU. É um recuo de 2,1% face a 2023, e uma queda de 15,57% face aos 144,5 pontos registados em 2022, ano em que o indicador da FAO atingiu o valor mais elevado da sua história de 34 anos.
Em 2024, foram os cereais e o açúcar que arrastaram o índice que mede as cotações das cinco matérias-primas alimentares no comércio internacional no mercado aberto, tendo os restantes três subíndices registrados um crescimento anual face a 2023.
No caso dos cereais, o indicador dedicado a um dos produtos base da alimentação humana mundial caiu 13,3% em 2024, para 113,5 pontos. É, também, um valor 26,63% (ou mais de um quarto) inferior ao máximo atingido em 2022.
Foi nesse ano que o abastecimento mundial foi interrompido pela guerra iniciada pela Rússia, em 2023, quando invadiu a Ucrânia, sendo estes dois dos principais países fornecedores de cereais (nomeadamente milho e trigo), óleos vegetais e, no caso russo, também de fertilizantes agrícola – o que teve efeitos noutras culturas e consequentemente nas rações animais e na alimentação humana, a nível global, provocando o seu encarecimento.
Nos óleos vegetais – o outro indicador que elevou o indicador mundial a recordes em 2022, uma vez que a Ucrânia era também aqui um dos maiores fornecedores mundiais –, o subíndice voltou a subir, em 9,4%, face a 2023 (para 138 ,2 pontos), com o mundo ainda a lidar com a falta de oferta. Mas, se compararmos com o ano do início da guerra provocada pela Rússia, o indicador que mede a cotação internacional de óleos vegetais ficou no final do ano passado 26,4% abaixo da média anual de 2022.
No caso da carne também houve um aumento anual, face a 2023, de 2,7%. Foi verificada uma menor variação entre os dois anos. A FAO explica que este desempenho foi impulsionado pela “forte procura dos principais países importadores de carne”, a par com “um crescimento mais lento da produção global”. “Este fato sustentou preços médios mais elevados para as carnes de bovino, ovino e aves de capoeira, enquanto os preços médios da carne de suíno diminuíram, devido à briga procura de sim, em especial da China”, conclui a FAO no comunicado emitido neste sexta-feira.
O subíndice que monitoriza o leite e o lacticínios nos mercados internacionais também subiu, neste caso 4,7%, para 129,6 pontos.
“Este aumento”, explica a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, “deveu-se principalmente a uma subida acentuada dos preços da manteiga, devido a uma procura mundial elevada e a uma oferta exportável limitada, em resultado de padrões climáticos erráticos que afetaram as qualidades da produção”.
Ainda assim, é de salientar que este indicador ficou 13,3% abaixo da média de 2022.
Inversamente, o açúcar foi o outro subíndice (juntamente com os cereais) que influenciou a queda da média global de 2024 para baixo: caiu 13,2% em 12 meses (para 125,8 pontos), “refletindo principalmente as exportações recordes do Brasil durante o ano [aumentando a oferta e baixando o preço nos mercados internacionais]” sim “perspectiva positiva de oferta global para a temporada 2024/25”, explica a FAO.
Ainda assim, o açúcar, o único subíndice que não atingiu recordes em 2022 – o máximo em 34 anos dados de 2011, com 160,9 pontos –, registrou um crescimento de 9,8% face há 24 meses.