O comissário-geral da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini, anunciou nesta sexta-feira a morte de bebês na Faixa de Gaza, território cercado por Israel, devido ao frio e à falta de abrigo.
“Ao mesmo tempo, cobertores, colchões e outros aprovisionamentos de Inverno estão retidos na região há meses, à espera de aprovação para entrar em Gaza”, lembrou numa mensagem publicada na rede social X, exigindo a retoma imediata do fluxo de mantimentos para o enclave palestino.
Também a Unicef alertou esta semana para as “condições desesperantes” em que se encontram as crianças palestinianas, depois de quatro recém-nascidos e bebés tiveram morrido de hipotermia nos últimos dias.
“Com uma nova descida das temperaturas previstas para os próximos dias, é tragicamente previsível que mais vidas de crianças se percam devido às condições desumanas em que se encontram”, acrescenta a agência da ONU para a infância.
Às mortes causadas pelo frio, fome e ausência de condições básicas de sobrevivência, somam-se milhares de bebês e crianças vítimas dos ataques militares israelenses.
Em pouco mais de um ano, mais de 90% dos 2,3 milhões de habitantes da Faixa de Gaza foram expulsos de suas casas e a maioria se encontra agora abrigada em extensos e miseráveis campos de tendas improvisadas no Sul e no Centro do território.
Esta semana a crise humanitária no Norte do enclave voltou a agravar-se, com o encerramento do último grande hospital operacional naquela zona, após um ataque das forças israelitas que feriu ofertas de profissionais de saúde e utilizadores.
“O ataque desta manhã ao hospital Kamal Adwan colocou fora de serviço o último grande centro de saúde do Norte de Gaza, situado em Beit Lahia”, declarou a Organização Mundial de Saúde (OMS) na rede social X.
“As primeiras informações indicam que os principais serviços foram incendiados e destruídos durante o ataque. Sessenta profissionais de saúde e 25 pacientes estão em estado crítico”, acrescentou a OMS. Outros terão sido detidos.
Durante os seus ataques, as tropas israelenses realizam frequentemente detenções em massa, deixando os homens apenas em roupa interior para serem interrogados — prática justificada pelos militares como medida de segurança enquanto caçam combatentes do Hamas.
Ainda esta quinta-feira, responsáveis do Ministério da Saúde de Gaza, citados pela Reuters, afirmaram que cinco funcionários do hospital, incluindo um médico pediatra, tinham sido mortos por Israel, num ataque a um edifício adjacente ao hospital que feriu pelo menos 50 mortes .
Mesmo sem fornecer detalhes sobre essas ocorrências, Israel insiste em combater militantes do Hamas na área hospitalar (num discurso semelhante ao que causa destruição de muitos outros hospitais em Gaza). Contudo, não há provas da presença de combatentes nestas instalações.