Enquanto as economias maiores, como a Alemanha, a França e a Itália, se preparam para um aperto fiscal significativo, Portugal parece preparado para seguir um caminho diferente, que poderá definir o seu papel na Europa como um centro de crescimento e investimento. Para aqueles de nós envolvidos no setor imobiliário ou simplesmente observando o panorama económico mais amplo, isto representa um desafio e uma oportunidade única.
As recentes reduções das taxas de juro por parte do Banco Central Europeu sinalizam um esforço para estabilizar a economia da zona euro num contexto de abrandamento do crescimento. Embora a inflação pareça estar sob controlo e exista algum optimismo quanto a uma “aterragem suave” em 2025, as economias maiores estão a preparar-se para ajustamentos difíceis. A consolidação fiscal em países como a França e a Alemanha poderá limitar o seu potencial de crescimento, com políticas concebidas para reduzir a despesa pública e resolver os níveis de dívida.
Portugal, por outro lado, está a traçar um rumo diferente. A sua economia deverá crescer, ainda que moderadamente, nos próximos anos. A orientação fiscal mais expansionista do país sugere um compromisso de aproveitar este período para o progresso, em vez de contenção. Isto cria um contraste fascinante: enquanto grande parte da Europa aperta o cinto, Portugal parece estar a investir no seu futuro.
Para o setor imobiliário, esta divergência poderá significar que Portugal se tornará um destino ainda mais atrativo para investimento. À medida que as economias maiores enfrentam um crescimento mais lento, os investidores internacionais poderão olhar para Portugal como um porto seguro. A sua relativa estabilidade económica, aliada ao potencial de crescimento, oferece oportunidades tanto no sector imobiliário residencial como comercial. Áreas urbanas como Lisboa e Porto continuam a atrair a atenção, com soluções inovadoras da PropTech que aumentam o apelo do mercado tanto para investidores como para utilizadores finais.
Num nível mais amplo, este momento é mais do que imobiliário. A abordagem de Portugal poderia ajudar a redefinir o seu papel na Europa. Ao concentrar-se no crescimento sustentável, nos investimentos estratégicos e num clima favorável aos negócios, o país tem potencial para se diferenciar como líder em inovação e resiliência económica. No entanto, isso não é uma garantia. A natureza interligada da zona euro significa que o sucesso de Portugal dependerá, em certa medida, da recuperação das economias maiores.
Para a vida quotidiana, as implicações deste crescimento potencial são significativas. Uma economia próspera significa mais oportunidades para as empresas, maiores perspectivas de emprego e um mercado imobiliário mais forte. Poderia também promover melhorias na infraestrutura e na tecnologia, melhorando a qualidade de vida dos residentes.
Em última análise, Portugal está numa encruzilhada. Ao fazer o trabalho corretamente – priorizando a sustentabilidade, promovendo a inovação e permanecendo adaptável aos desafios globais, tem a oportunidade de solidificar a sua posição como um ator de destaque na Europa. Para alguém que observa este desenrolar, é emocionante pensar no que os próximos anos poderão trazer, não apenas para a economia do país, mas para todos nós que vivemos, trabalhamos e investimos aqui.
Paulo Lopes é um cidadão português multi-talentoso que fez o seu mestrado em Economia na Suíça e estudou Direito na Lusófona em Lisboa – CEO da Casaiberia em Lisboa e Algarve.
Paulo Lopes