A chegada à Madeira de dois aviões Canadair vindos de Espanha acontece mais de uma semana depois do início do incêndio. O Governo Regional diz que a estratégia de contenção tem sido um sucesso, mas há cada vez mais críticas à maneira como a situação tem sido gerida.
O fogo começou a 14 de agosto, quarta-feira. Na sexta-feira, fonte do Governo Regional da Madeira disse à Lusa que não eram necessários mais meios. No sábado, o secretário regional com a pasta da Proteção Civil reiterou essa ideia. Na altura, começava a levantar-se a questão se os meios humanos e técnicos da Madeira eram suficientes para combater as chamas.
“Pediremos ajuda a Lisboa se virmos que os nossos meios estão prestes a ser esgotados”, disse Pedro Ramos a 17 de agosto.
Mas apenas meia hora depois, Miguel Albuquerque – que estava de férias e as interrompeu – disse o contrário: “Os reforços estão a caminho e ninguém disse para não virem. Não sei quem é que andou a propagar essa notícia”.
Do Continente foi enviada uma força de Proteção Civil com 76 operacionais. Combater o incêndio por terra tornava-se tarefa complicada devido aos acessos difíceis. Pelo ar, havia apenas um helicóptero que, com os ventos fortes, nem sempre conseguia ajudar.
“Com condições atmosféricas muito intensas não temos até ao momento nenhuma vítima, nem danos materiais avultados a lamentar, nem perda de nenhuma habitação. Onde é que a gente está a errar?”, questionou Albuquerque.
O Presidente do Governo Regional rejeitou responsabilidades políticas, mas não foram só os adversários políticos a criticar a gestão desta crise na Madeira.
“Temos 100 operacionais a combater o incêndio, mas ontem o senhor secretário regional da Proteção Civil na entrevista à SIC Notícias disse que a Madeira tinha 800 operacionais de bombeiros. Se fizerem a contabilização dos que vieram do Continente mais os que vieram dos Açores, estão 100 operacionais no terreno, onde é que andam os outros?”, questionou o vice-presidente da Associação Portuguesa de Técnicos de Proteção Civil.
Já na quarta-feira, insistiu que a estratégia adotada estava a correr bem, isto depois do secretário regional da Proteção Civil ter rejeitado também a ideia de que deveriam ser pedidos mais meios aéreos para combater as chamas.
“A estratégia de contenção que adotámos até agora foi um sucesso”, garantiu Miguel Albuquerque ontem.
Mas este aparente sucesso, uma semana depois do início do incêndio, não evitou que fosse ativado o Mecanismo Europeu de Proteção Civil. Vindos de Espanha, chegaram esta quinta-feira mais dois aviões para ajudar no combate ao incêndio.
Sem ninguém a assumir erros, ao nono dia de combate ao incêndio renasce a esperança que as chamas sejam apagadas de vez.