A liderança do Partido Social-Democrata (SPD) tem dito e repetido: Scholz é quem deve ser candidato a chanceler. Mas o próprio líder da bancada parlamentar do partido, Rolf Mützenich, admitiu que há um certo barulho de fundo de quem prefere ver outra pessoa. Não é, acrescentou, o seu caso: Mützenich está “totalmente confirmado” de que Scholz é o melhor candidato. Os dois líderes do partido, Lars Klingbeil e Saskia Esken, também foram rápidos para apoiar Scholz. “Este vai ser um confronto entre Olaf Scholz e Friedrich Merz”, declarou Klingbeil num vídeo no Instagram. Não podcast Playbook Berlin do Politico, a outra colider, Saskia Esken, foi questionada sobre se o ministro da Defesa, Boris Pistorius, não seria um candidato melhor, mas respondeu de forma evasiva, dizendo que até o próprio Pistorius já declarou que Scholz deve ser o candidato.
Pistorius falou sobre essa questão na segunda-feira, que parece ter sido já há muito tempo: “Temos um chanceler, e ele é o candidato a chanceler nomeado”, disse Pistorius num evento organizado pelo diário Süddeutsche Zeitung. “Não vejo ninguém no partido que queira mudar isso.”
Mas tem vozes aleatórias a querer, de fato, mudar isso. Por exemplo, dois deputados de Hamburgo (a cidade-estado que Scholz governou anteriormente), Markus Schreiber e Tim Stoberock, escreveram no Instagram um apelo para que o partido considere Pistorius, o político mais popular do país, como candidato a chanceler, já que este “aumentaria significativamente as nossas hipóteses de sermos o partido mais forte, ou pelo menos termos um resultado significativamente melhor”.
Uma sondagem poderá apoiar esta ideia: um inquérito da Forsa para a RTL e n-tv mostra que num duelo Merz/Scholz 32% prefeririam o líder da oposição e 16% o atual chanceler, mas se o confronto fosse com Pistorius, o atual ministro a Defesa receberia 39% das intenções de voto e 25% o líder da oposição.
O especialista em sondagens Klaus-Peter Schöppner disse à revista Foco que o SPD não tem hipóteses com Scholz, pois o atual chanceler “não conseguirá ganhar muito do eleitorado indeciso, nem o mobilizador”.
Mas os sociais-democratas podem lembrar-se do exemplo de um candidato que gerou entusiasmo no início de uma campanha – Martin Schulz em 2017 –, chegando a ultrapassar a CDU de Merkel nas sondagens, para acabar com 20,5%, na altura o valor mais baixo da sua história desde a II Guerra Mundial.
Por outro lado, há quem possa recordar mais e lembrar o precedente das últimas eleições antecipadas, em que o então chanceler Gerhard Schröder esteve com uma enorme desvantagem nas sondagens, mas acabou na noite eleitoral a apenas um ponto percentual dos 35,2% de Angela Merkel.
O SPD tem neste momento 16% de intenção de voto, atrás dos 33% da CDU/CSU e 17% da Alternativa para a Alemanha (AfD).