ENCONTRO DE LEITURAS #10
ENCONTRO DE LEITURAS
O seu Terrível Abraço.
Tiago Ferro.
Tinta-da-china// € 14,90 // 176 pp
Todavia// R$ 74,90 // 152 pp
O Encontro de Leituras, parceria editorial entre o jornal português PÚBLICO e a Quatro Cinco Umrecebe o escritor brasileiro Tiago Ferro no dia 10 de Dezembro, às 22h de Lisboa (19h de Brasília). Vamos conversar O seu Terrível Abraçoque acaba de ser lançado em Portugal pela Tinta-da-china e foi publicado no Brasil em 2023, pela Todavia. O encontro é uma parceria editorial entre o jornal português PÚBLICO e a revista Quatro Cinco Um à volta de livros publicados nos dois lados do Atlântico.
Ferro é autor de O Pai da Menina Morta (Todavia, 2018), que ganhou, em 2019, os prêmios Jabuti de melhor romance e São Paulo de Literatura de melhor romance de estreia. Misturando ficção e realidade, o autor expõe o luto de um pai que perde a filha, numa narrativa fragmentada.
O seu Terrível Abraço conta a história de um intelectual branco, de classe média alta, revelada com uma doença terminal, a partir das frustrações da geração que amadureceu depois da redemocratização do Brasil, cercada de privilégios sociais, e da crise política que culminou nas manifestações de 2013.
O acesso Encontro de Leituras é gratuito. Como habitualmente, a sessão é aberta a todos os que quiserem participar. O ID é 821 5605 8496 e a senha de acesso 719623. Entre na reunião Zoom através do link.
Diâmetro: 10 de dezembro, terça-feira
Horário: às 19h no Brasil e 22h em Portugal continental
Evento online e gratuito, através do Zoom
Tiago Ferro (Eva Becerra/Divulgação)
Podcast
“A Palavra que Resta”, de Stênio Gardel
No Encontro de Leituras de Abril, leitores do PÚBLICO e da Quatro Cinco Um conversaram com o escritor brasileiro Stênio Gardel. Siga o podcast nas aplicações.
Recensão
O Vale Encantado do Rio Pinheiros
Romance sobre a geração que desembocou em Bolsonaro faz inventário de assombrações da classe média.
“Os paulistanos de classe média alta nascidos a partir dos anos 80 deram um nome para a região da Zona Oeste que concentra colégios e clubes caros, bares e restaurantes da moda: Vale Encantado do Rio Pinheiros. Como convém aos melhores apelidos, o significado é preciso. Seja pelo alheamento à realidade brasileira, seja pela falta de propósito na vida de muitos, é como se esses jovens leite tipo A vivessem num estado de encantamento, suspensos no tempo e nas tardes depois das aulas, fumando maconha nos canteiros travestidos de praças do Alto de Pinheiros.
Talvez Tiago Ferro não conheça esse apelido do bairro porque ele escreve O seu Terrível Abraço desde uma geração anterior. Mas é justamente essa janela que ele abre no livro, por meio de um narrador próximo dos cinquenta anos, que reluta a se tratar de uma doença terminal enquanto revisita um passado sem projetos nem conquistas”, escreveu na revista Quatro Cinco Um o jornalista Antonio Mammi sobre este romance de Tiago Ferro.
Leia na íntegra a recensão de Antonio Mammi na Quatro Cinco Um.
ONDE QUEREMOS VIVER
Uma senhora
Um intervalo estúpido e doce entre estar praticamente acabado e ter agora começado.
“Depois, anoitece, e fico sozinho. É preciso aprender a não morrer de tristeza neste mundo sujo. Milhares de pessoas, país fora, vivem como eu. Entro em conversa comigo. Colecciono afazeres mínimos, arrumo papéis, desisto, rego as plantas, dobro e arrumo roupas, desisto, maquilho-me e desmaquilho-me, ouço música.
Hilma Af Klint, the Swan No 12 (Reprodução)
Nenhuma tarefa ou invenção substitui a conversa. Leio, escrevo, vejo televisão, fumo. Ainda não percebi se as horas passam mais depressivas ou mais devagar quando não se tem companhia, vou dando graças pelo barulho dos carros e dos aviões lá fora.
Toda a vida de conhecidos adultos solitários, e conheci mais alguns. Confesse-me que detestaria ter de viver com alguém, compartilhar o seu espaço e segredos.”
Leia na íntegra a coluna de Djaimilia Pereira de Almeida na Quatro Cinco Um.
Fort Wayne
Joel Sternfeld e a aposta em algo ininteligível para a maioria: perceber como é que se vê a núcleos.
“Há gente que fotografa a cores; há gente, menos gente, que fotografa a preto e branco; e há gente, ainda menos, que fotografa a esquemas de cores. A inferioridade numérica sugere uma doença rara, uma espécie de febre dos olhos que nunca vi convite, até hoje, por Joel Sternfeld.
Hilma Af Klint, o Cisne nº 12 (Reprodução)
A explicação de Sternfeld surge no posfácio de Cabeça de Nags (Steidl, 2024), livro cuja questão da cor o torna uma prequela do monumental Perspectivas Americanas (1987). “Sempre que via na paisagem um fenômeno cromático de alguma forma coincidente com um exercício tipo [Josef] Albers sobre as propriedades perceptuais da cor, faz uma fotografia.”
Leia na íntegra a coluna de Humberto Brito na revista Quatro Cinco Um.
Recensão
A vida em doses homeopáticas
A coletânea de textos de José Luís Peixoto publicados na imprensa ao longo de dez anos é um exemplo eloquente das possibilidades da crônica.
(José Luís Peixoto/Divulgação)
O escritor português José Luís Peixoto já testou vários géneros literários — publicou romances, poemas, relatos de viagem, contos, textos infanto-juvenis —, uma intensidade que foi recompensada com os prémios José Saramago (pelo seu romance de estreia, Nenhum Olhar) e Oceanos (pelo romance Galvéias).
Abraçoo livro de José Luís Peixoto que foi lançado agora no Brasil (a edição original portuguesa é de 2011), é uma coletânea com 162 textos, publicados no Jornal de Letras, Rodapé, Time OutLisboa a revista Visão ao longo de dez anos.
Como não há um fio condutor ou tema central, o leitor acompanha aquilo que, de forma errática, passou diante dos olhos e da memória do autor: amores e amizades, livrarias, filmes vistos no cinema, Alzheimer, paisagens da infância, Barack Obama, idas à praia, reflexões sobre canetas esferográficas, laços familiares, helicópteros e um concerto em Lisboa.
Leia na íntegra a coluna de Kelvin Falcão Klein na Quatro Cinco Um.
LANÇAMENTO
Novos volumes da coleção Ensaio Aberto chegaram às livrarias
O Escândalo da Distânciade João Pedro Cachopo e Ó Mar, o Rio e a Tempestadede Pedro Süssekind um em literatura e filosofia para versor sobre clássicos da literatura mundial. Em O Escândalo da Distânciao professor e ensaísta português João Pedro Cachopo situa o clássico de Thomas Mann, A Montanha Mágicano seu tempo, o início do século XX, ao mesmo tempo que aponta o que o romance tem a dizer no século XXI.
Já em O Mar, o Rio e a Tempestade: sobre Homero, Rosa e Shakespeareo professor, pesquisador, ensaísta e ficcionista Pedro Süssekind oferece novas leituras de obras como a Odisseia, Grande Sertão: Veredas ou Rei Leartendo a filosofia como ponto de partida.
Coordenada por Tatiana Salem Levy e Pedro Duarte, a coleção Ensaio Aberto é resultado de uma parceria no âmbito do Programa de Internacionalização da Capes (Capes Print) entre a Universidade NOVA de Lisboa e a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Os livros são publicados pela Tinta-da-china, em Portugal, e pela Tinta-da-China Brasil, no Brasil.
TEATRO
Gregorio Duvivier celebra a língua portuguesa
Comédia criada pelo humorista brasileiro e apresentada em Portugal tem encenação de Luciana Paesque com ele partilha a obsessão pelo nome das coisas.
(fotografia de Raquel Pellicano)
“‘Como é que nasce uma palavra?’, pergunta o ator e humorista brasileiro Gregorio Duvivier em O Céu da Línguapeça que escreveu para ser estreada no Teatro Aberto, em Lisboa, onde estará em cena até ao dia 1 de Dezembro antes de partir para o Teatro Sá da Bandeira no Porto onde ficará nos dias 2 e 3. ‘Nasce para calar essa voz, que tem na nossa cabeça, falando o tempo todo: ‘Você vai morrer!'”, escreve Isabel Coutinho no PÚBLICO.
Leia a reportagem na íntegra no PÚBLICO.
Nas Montras e Vitrines — Livros que cruzaram o Atlântico
A cegueira do rio. Mia Couto.
Companhia das Letras // R$ 74,90 // 240 pp
Editorial Caminho // € 18,90 // 328 pp
Mestre dos batuques. José Eduardo Agualusa.
Tuquets // R$ 69,90 // 224 pp
Quetzal // € 18,80 // 272 pp
Bipolar, sim. Louca, só quando eu quero: Histórias para ler, rir e chorar. Bia Garbato.
Matriz // R$ 44 // 186 pp
Pref. Rita Ferro // Oficina do Livro/Leya // € 9,99 // 192 pp
Notas sobre a impermanência. Paula Gicovate.
Faria e Silva // R$ 52 // 120 pp
À/Parte // € 15,90 // 160 pp
O Kit de Sobrevivência do Descobridor Português no Mundo Anticolonial: consideravelmente revisado e devidamente ampliado. Patrícia Lino.
Posf. Anna M. Klobucka // Círculo de Poemas // R$ 94,90 // 352 pp
Mariposa Azul // 13€ // 228 pp
O Cristo Cigano e Geografia. Sophia de Mello Breyner Andresen.
Companhia das Letras // R$ 44,90 // 112 pp
Assírio & Alvim // € 11,10 // 56 pp
Assírio & Alvim // € 13,30 // 128 pp
No Ípsilon desta semana
O Quarto ao Ladoo Leão de Ouro de Veneza chega aos ecrãs portugueses a 5 de Dezembro. O jornalista Vasco Câmara conversou com Pedro Almodóvar antes da estreia do filme em Portugal.
Até uma semana.