O Presidente norte-americano, Joe Biden, inicia esta segunda-feira uma visita de três dias a Angola, na qual deverá fazer anúncios sobre o Corredor do Lobito, mas também em áreas como saúde, segurança alimentar ou agro-negócio.
“Um conjunto desses anúncios será sobre o Corredor do Lobito. Mobilizámos milhares de milhões de dólares para esse projecto até agora, podemos imaginar que o Presidente vai envolver-se com vários componentes desse esforço de infra-estrutura e os elevará”, disse aos jornalistas A assistente especial de Biden e diretora de Assuntos Africanos no Conselho de Segurança Nacional norte-americano, Frances Brown, na semana passada, durante um encontro com a imprensa para antecipar as prioridades da visita que decorrem até quarta-feira.
O grande foco da viagem, que esteve previsto para Outubro, mas acabou por ser adiado para agora, então será no Corredor do Lobito, uma infra-estrutura ferroviária que liga Angola às zonas de minérios da República Democrática do Congo (RDC) e da Zâmbia e na qual os Estados Unidos são “realmente um membro importante”, especialmente para a segunda fase do projeto, disse a coordenadora da Parceria para Infra-estrutura e Investimento Global (PGI) no Departamento de Estado norte-americano, Helaina Matza, no mesmo encontro com os jornalistas.
Esta fase inclui a construção de 800 novos quilómetros na linha ferroviária que atravessa Angola, Zâmbia e a RDC, que se somam aos 1.300 já existentes e que estão a ser renovados, lembrou Matza.
Biden deverá também fazer anúncios relacionados com a segurança global da saúde, segurança alimentar e agro-negócio, e ainda um “anúncio importante sobre cooperação no sector de segurança” e “sobre a preservação da rica herança cultural de Angola”.
Em 2023, o comércio entre os Estados Unidos e Angola totalizou aproximadamente 1,77 mil milhões de dólares (1,69 mil milhões de euros), o que tornou Angola no quarto maior parceiro comercial de Washington na África Subsaariana. “Vemos Angola como um parceiro estratégico e um líder regional. O nosso relacionamento com Angola transformou-se completamente nos últimos 30 anos, e essa transformação ganhou ritmo nos últimos três anos”, assinalou Frances Brown.
Nesse sentido, a directora de Assuntos Africanos resumiu a viagem de Biden a Angola a três objectivos: “elevar a liderança dos EUA em comércio, investimento e infra-estrutura em África”; destacar a “liderança regional e a parceria global de Angola num espectro completo de questões urgentes, incluindo comércio, segurança e saúde”; e, por último, destaque a “notável evolução do relacionamento EUA-Angola”.
Do lado angolano, o Presidente João Lourenço destacou a importância da visita não só em termos de investimentos, mas também em investimentos fora do tradicional sector petrolífero. “O Presidente Joe Biden vem abrir o caminho do investimento privado americano em Angola; até aqui, o que temos vindo a verificar ao longo de décadas é que o investimento americano em Angola está mais virado para o sector petrolífero e esperamos que com esta visita haja uma maior diversificação do investimento privado americano em Angola”, frisou numa entrevista ao O jornal New York Times.
Questionado se a saída de Biden tira algum significado a esta visita, João Lourenço rejeitou esta tese, “porque até ao dia 20 de Janeiro do próximo ano, o Presidente americano é o Presidente Joe Biden”, além de que “nas relações entre Estados podem há mudanças das pedras no tabuleiro do xadrez, mas quando as relações são entre Estados elas têm, em princípio, uma garantia de continuidade”.
“Não estamos preocupados com o facto do Presidente Joe Biden estar no fim de missão do mundo”, disse, sublinhando que a partir de Janeiro não apenas Angola, mas o resto do vai ter que trabalhar com Donald Trump “se quiser manter relações com os Estados Unidos da América”, escusando-se a comentar a futura relação de Donald Trump com a África e as suas políticas.