As denúncias que foram feitas em sobressalto o Brasil nesta quarta-feira não passam de “um ato isolado” comprometimento por um homem “em profundo desequilíbrio emocional”. Quem o diz é Romeu Zema, governador de Minas Gerais, em entrevista ao PÚBLICO, que será publicada na íntegra nesta quinta-feira. Francisco Wanderley Luiz, identificado pelas autoridades como o autor deste ataque, tatuou um carro e fez-se explodir na Praça dos Três Poderes, em Brasília. O diz governador não existirá pedindo que apontem para um ato coordenado ou liderado por qualquer movimento político.
“Primeiro, é lamentável. Eu interpreto esse acontecimento como um ato isolado, como eventualmente nós temos aí alguns loucos que disparam armas em escolas e em locais públicos. Eu interpreto isso como um ato isolado de alguém em profundo desequilíbrio emocional. Não se trata, pelo menos pelo que vi até o momento, de nenhum movimento, de nenhum grupo, e sim de uma pessoa em total desequilíbrio que causou essa tragédia. , vaticinou Romeu Zema.
O suspeito detonou o próprio carro a 300 metros da Esplanada dos Ministérios, publicando uma série de mensagens sobre o ataque antes de morrer – um misto de declarações políticas e religiosas. A única morte registrada foi do autor do ataque. Francisco Wanderley Luiz foi chaveiro de profissão, concorreu às eleições para vereador em 2020 pelo Partido Liberal (PL), grupo político do ex-presidente Jair Bolsonaro. De acordo com o Folha de S.Pauloteve um orçamento de apenas 500 reais para a campanha eleitoral (aproximadamente 82 euros), somando 98 votos.
Para o governador de Minas Gerais, a ligação passada do PL ao autor do ataque suicida não deve trazer consequências penalizadoras, ressaltando que nenhum partido está livre de ter um caso semelhante.
“Temos detidos e arguidos indiciados [judicialmente] um vereador de todos os partidos. Nenhum partido é isento de ter um louco em seus possíveis candidatos. Não existe um exame de sanidade mental para se candidatar”, resume.
No total, registraram-se três explosões em Brasília nesta quarta-feira. A primeira deu-se por volta das 19h30 (22h30 em Portugal continental), com dois outros rebentamentos junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) num intervalo de cerca de 20 segundos.
Mensagens compartilhadas pelo suspeito na rede WhatsApp mostram sinais de antecipação do ataque desta quarta-feira. De acordo com a polícia brasileira, o suspeito mostrou intenções de se suicidar e de cometer ataques contra pessoas e instituições.
Antes da explosão no STF, Francisco Wanderley Luiz tentou entrar no prédio – mas não teve sucesso. As sessões de plenário na Câmara e no Senado foram suspensas, com o capitão antibombas a ser chamado ao local para fazer uma varredura e verificar a existência de mais explosivos no complexo.
Romeu Zema espera que não existam tentativas de aproveitamento político após este ataque, que deverá encerrar a discussão sobre o projeto de lei que propunha amnistiar os envolvidos nos atos de 8 de Janeiro. No início de 2023, apoiantes de Jair Bolsonaro invadiram o Congresso, uma réplica da insurreição protagonizada em Janeiro de 2021 antes dos Estados Unidos pelos apoiantes do então Presidente Donald Trump.
“Um acontecimento como esse acaba por ser usado como um argumento político. Mas acho que vai prevalecer o bom senso e acredito que vão ver, quando apurarem com maior detalhe o passado dessa pessoa, que realmente é alguém num momento de profundo desequilíbrio”, finalizou ó governador.