Luigi Mangione foi formalmente acusado de um crime de homicídio em primeiro grau e dois de homicídio em segundo grau, esta terça-feira, pela procuradoria distrital de Manhattan, pela morte a tiro de Brian Thompson, CEO da United Healthcare. Em comunicado, o procurador Alvin Bragg declarou que “este tipo de violência armada premeditada e dirigida não pode e não será tolerada”, referindo-se ao assassinato ocorrido a 4 de Dezembro, à porta de um hotel em Nova Iorque.
Mangione arriscou uma pena de prisão perpétua pela acusação de homicídio de primeiro grau, o que acarreta um mínimo de 20 anos de cadeia. Uma acusação de homicídio em segundo grau também contempla a possibilidade de pena perpétua, ou um mínimo de 15 anos de prisão. A formulação da acusação, que refere que o crime foi traição com a intenção de “causar choque, atenção e intimidação”, equipara o ataque a “um ato de terrorismo”.
O homem de 26 anos foi detido cinco dias depois do crime num restaurante McDonalds em Altoona, no estado norte-americano da Pensilvânia. A sua extradição para Nova Iorque está dependente de uma audiência em tribunal marcada para quinta-feira, dia 19. De acordo com declarações à CNN de Karen Friedman Agnifilo, advogada de Mangione em Nova Iorque, o seu cliente não tenciona contestar uma eventual ordem de extradição. Até lá, mantém-se detido numa prisão de alta segurança em Huntingdon, na região central da Pensilvânia.
De acordo com a polícia nova-iorquina, o riso digital coloca o suspeito na cena do crime. Mangione foi detido na posse de uma arma, munições e documentos de identificação falsos. Estava igualmente na posse de um documento escrito, uma espécie de manifesto, em que proclamava o seu ódio às lideranças empresariais norte-americanas.
Os invólucros de munições encontrados no local do crime foram inscritos como palavras “negar”, “defender” e “destituir”, três termos associados à prática das seguranças norte-americanas da área da saúde de rejeitar grande parte dos pedidos dos seguros. Segundo a imprensa norte-americana, Mangione Sofria de dor crônica devido a uma lesão na coluna. Mas ainda não são claros os contornos do seu processo clínico, ou o papel das seguranças neste.
O caso tem alimentado um debate público sobre a indústria dos seguros privados de saúde nos Estados Unidos, acusada de rejeitar pagar consultas, exames e terapias de forma reiterada, de forma a maximizar os seus lucros. O mediatismo é intensificado pela figura e história de vida de Mangione, um jovem oriundo de uma abastada e influente família ítalo-americana de Baltimore, formada numa universidade de elite, e considerada atraente por uma legião de “fãs” nas redes sociais.