Opinião de Germano Almeida. Será que Donald Trump vai mesmo passar incólume ao “festival de amor” e ao que foi dito no Madison Square Garden?
1 – A negação como estratégia permanente
O comício de domingo à noite foi um chorrilho de insultos racistas, discursos de ódio e manifestações bizarras duma suposta “pertença americana” que imigração envenenaria. A campanha Trump deu sinais de tentar desvalorizar o que o comediante “Kill Tony” referiu sobre Porto Rico — “uma ilha flutuante de lixo” – mas na verdade Donald Trump descreveu o evento do Madison Square Garden como “um festival de amor”.
É Trump a usar a sua tática que aprendeu com Roy Cohn, advogado nova-iorquino quase sempre metido em alhadas, há várias décadas: decretar vitória quando se perde; fazê-lo várias vezes e de forma sonora, até que as pessoas acreditem.
Se Trump quer que grande parte dos americanos acredite que aquilo foi mesmo “um festival de amor”, basta dizê-lo várias vezes e de forma convincente: haverá sempre quem acredite que são os outros que estão a querer prejudicá-lo ao dizer o contrário. Isto, sim, é deturpar a palavra “amor”. E, afinal de contas, a esmagadora maioria dos americanos neste esteve lá para o verificar.
2 – A sombra do 6 de janeiro
O mais incrível é que foi esta a terminologia usada por Trump para relativizar e negar o que verdadeiramente aconteceu a 6 de janeiro de 2021 no Capitólio: “Nunca houve um evento tão bonito”, foi repetindo, ao seu estilo.
Mesmo com as críticas da campanha Kamala Harris, e de muitos dos espetadores – incluindo republicanos – sobre comentários racistas dirigidos a latinos, negros, judeus e palestinianos, bem como insultos sexistas dirigidos a Harris e a Hillary Clinton.
O evento contou também com oradores como Melania Trump e figuras como o psicólogo-estrela televisiva Dr. Phil McGraw e o antigo pivô da Fox News Tucker Carlson. A história destes nove anos de Trump na Casa Branca ou como candidato presidencial é a de alguém que não só escapa a momentos como este como até vê o seu apoio em segmentos mais extremistas a aumentar de intensidade.
Uma Interrogação: Será que Trump vai mesmo passar incólume do que foi dito no Madison Square Garden?
Estados Decisivos:
Pensilvânia – Trump 50 / Kamala 47 (Atlas Intel, 25/29 out)
Wisconsin – Trump 49 / Kamala 49 (Atlas Intel, 25/29 out)
Carolina do Norte – Kamala 49 / Trump 48 (Atlas Intel, 25/29 out)
Voto Popular: Kamala 50 / Trump 47 (Morning Consult, 25 a 27 out)