Um grupo de 113 deputados de vários partidos assinou um pedido de abertura de um processo para proibir o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), segunda a estação de televisão pública ZDF, citando o deputado Marco Wanderwitz, da União Democrata- Cristão (CDU), que disse ter sido ele o promotor da iniciativa.
Wanderwitz afirmou que o pedido foi apresentado ao presidente do Parlamento, Bärbel Bas, sublinhando que era essencial que o processo avançasse com rapidez por causa das eleições, que foram antecipadas para 23 de Fevereiro. O objectivo é aprovar um movimento ainda nesta legislatura para que o Tribunal Constitucional possa iniciar este procedimento, acrescenta a ZDF.
O Bundestag (Parlamento) é uma das instituições que pode fazer este pedido ao tribunal de Karlsruhe, as outras são o Bundesrat (Conselho das Regiões onde estão representados os estados federados) e ainda o Governo, lembra a TV pública alemã.
A AfD tem vindo a tornar-se cada vez mais extremada, e as suas organizações em vários estados federados, assim como a sua ala jovem, são consideradas de extrema-direita pelo segredo interno da Alemanha.
A fasquia para a proibição é alta, e a ilegalização de um partido com valores à volta dos 19% nas sondagens – e que em alguns estados, embora estados que representam uma parte pequeníssima da Alemanha, obtiveram os mesmos valores de 30% nas eleições – é controversa . Muitos temem que o processo possa aumentar o discurso de vitimização da AfD e a sua representação como um partido “fora da elite”.
Mais, os antecedentes em relação a outro partido ainda mais extremista, o NPD, falharam, um deles por causa de informadores da polícia infiltrados, e o outro porque o partido, com um apoio residual na população, não era considerado perigoso por não ter meios para levar a cabo a sua agenda antidemocrática.
Mas há quem defende que o grau de radicalização da AfD, a sua associação a grupos violentos, e o perigo que representa significa que o processo tenha de ser tentado, sob pena de este poder mesmo chegar ao poder, como fez recentemente numa entrevista ao PÚBLICO o sociólogo especialista em extremismo Matthias Quent.
No início do ano, a participação de elementos do partido num encontro em que era defendida a expulsão em massa de imigrantes ou de pessoas com cidadania alemã mas ascendência estrangeira levou a manifestações de dimensão inédita contra o partido por todo o país.
De qualquer forma, um processo, se aberto, levaria mais do que um ano, não sendo por isso concluído antes das eleições de 23 de Fevereiro.