“Estamos aqui hoje com cinco anos de atraso”, disse o ainda autarca de Gondomar, Marco Martins, o homem escolhido pelos seus pares para liderar os Transportes Metropolitanos do Porto (TMP).
O “aqui” era a sede da Área Metropolitana do Porto (AMP) e o “hoje” era esta segunda-feira, a data marcada para a assinatura da escritura da empresa de transportes, que terá a sua carga a gestão e fiscalização dos autocarros da rede Unir, mas também do sistema bilhético Andante.
Marco Martins deixa o município de Gondomar no dia 31 de Janeiro e assume a presidência da empresa metropolitana o tempo inteiro no dia seguinte, assumindo que a prioridade é “pôr a Unir a cumprir os horários”.
Este problema da fiscalização está relacionado com o “atraso” indicado pelo ainda autarca do PS: é que os municípios da AMP só aprovaram a criação da empresa já perto do arranque da operação da rede da Unir, quando havia uma lei de 2019 que já anterior a criação destas entidades metropolitanas.
Marco Martins está ciente das críticas que os utilizadores fazem à Unir, cuja operação dividida por cinco lotes já arrancou torta, com atrasos, supressões e falta de informação à população, em Dezembro de 2023.
Prevendo ter “a curto ou médio prazo 70 pessoas” nos quadros dos Transportes Metropolitanos do Porto, a empresa terá outra capacidade de fiscalização que a curta equipa de mobilidade da AMP não tem. Essa verificação “é necessária, quer para os operadores que estão a falhar”, disse aos jornalistas, no final da sessão de assinatura da escritura, mas também para os passageiros.
Na reunião do conselho metropolitano do final deste mês deverá ser aprovado o contrato-programa e Marco Martins, que deixa a câmara de Gondomar já no final do terceiro e necessariamente último mandato, espera que “até ao Verão” a empresa trabalhe a trabalhar “no terreno, com visibilidade”.
Além dos problemas da Unir, o novo presidente do conselho de administração identifica uma série de questões que a empresa terá de enfrentar. Sobre o sistema de bilhética que serve o Metro do Porto, a STCP, os comboios urbanos do Porto e a Unir, diz que há uma “grande dificuldade na gestão de dados”, uma vez que cada operador tem os seus validadores.
Há também uma série de desafios na mobilidade sustentável e na gestão dos veículos TVDE que será necessário discutir, considerar. Mas, para já, a fiscalização da Unir é mesmo a prioridade, insiste, mencionando que esta entrega a ver-se “de forma progressiva”.