O Benfica começou a época a andar para trás. Uma derrota em Famalicão logo na primeira jornada atrasou os “encarnados” na corrida pelo primeiro lugar e, duas semanas depois, atrasaram-se ainda mais com dois pontos perdidos em Moreira de Cónegos e o fim da era Roger Schmidt e dos seus equívocos. Bruno Lage regrediu e, no penúltimo jogo de 2024, o Benfica chegou finalmente à liderança, triunfando por 3-0 na Luz sobre o Estoril. Um golo de Pavlidis e outros dois de Amdouni bastaram para a “águia” se isolar no primeiro lugar pela primeira vez na época – chegou aos 38 pontos, mais dois que FC Porto e Sporting – e será nesta condição que irá chegar ao Dérbi com o Sporting no próximo domingo.
A recuperação benfiquista nem sempre foi feita com exibições espetaculares ou goleadas convincentes todas as semanas. Foi construído, sobretudo, com uma regularidade de resultados impressionantes. Em 11 jogos com Lage, o Benfica ganhou dez e empatou um, 34 pontos em 35 possíveis, aproveitando da melhor maneira a crise de identidade do Sporting, que perdeu oito pontos em 12 desde que mudou de treinador (e, entretanto, prepara-se para mudar outra vez).
O triunfo frente aos “canarinhos” enquadra-se na categoria das vitórias pouco vistosas. E isso também foi “culpa” de um Estoril que estava bem preparado para jogar na Luz. Foi, aliás, uma equipa orientada por Ian Cathro que criou as primeiras oportunidades do jogo, aproveitando bem as transições falhadas do Benfica. Logo aos 2′, depois de uma derrota de bola dos “encarnados” no meio-campo, João Carvalho teve tempo e espaço para rematar e obrigou Trubin a uma excelente defesa.
O Benfica respondeu aos 17′, com uma bola ao poste de Pavlidis, após pontapé de canto e um primeiro desvio de Arturkoglu. Mas o Estoril teimava em não se encolher e teve duas oportunidades excelentes de inaugurar o marcador, com Alejandro Marqués a atirar ao lado após bela iniciativa de Fabrício pela esquerda aos 18′. Pouco depois, aos 26′, foi Wagner Pina com o remate fraco e sem direcção já dentro da área “encarnada”.
O Estoril podia ser atrevido no ataque, mas era pouco fiável na defesa. E isso ficou bem à vista no lance do primeiro golo do Benfica aos 28′. Vinícius teve um rompimento disparatado e Di María ficou com a bola. O argentino viu bem a chegada de Pavlidis, passou-lhe a bola e o grego atirou cruzado e rasteiro, sem grandes hipóteses para o guardião Robles.
O jogo foi desbloqueado para os “encarnados”, mas ainda teve de sofrer mais um susto antes de chegar à tranquilidade. No terceiro minuto da segunda parte, o rapidíssimo Fabrício venceu Tomás Araújo e caiu dentro da área. O julgado António Nobre assinalou de imediato penálti, mas foi solicitado pelo VAR a ir ver as imagens – depois de ver a queda de vários ângulos, cancelou o penálti e deu bola ao solo.
Foi a última grande preocupação do Benfica no jogo. Os 40 e poucos minutos foram de navegação tranquila e com mais dois golos para a contabilidade do jogo. Aconteceu aos 73′, numa jogada que teve vários protagonistas: passe longo de Kokçu, recepção de Di María, combinação com Amdouni e um primeiro remate de Arturkoglu que Robles defendeu, mas o avançado suíço ainda andava por aí e fez o 2-0.
Este já era um resultado mais fácil de gerenciar e o suficiente para a Luz começar a saborear o primeiro lugar. E ainda deu para Amdouni bisar, com um bom golpe de cabeça após cantos aos 94′. Depois dos tempos turbulentos, a bonança chegou ao tempo de Natal, tudo o que o seu rival do outro lado da Segunda Circular saiu de ter no último mês.