Foi a 13 de Janeiro de 2013 que o Museu Marítimo de Ílhavo elevou o discurso expositivo dedicado à pesca do bacalhau a um outro patamar, ao associar à componente histórica e memorial uma “exposição de património biológico”. Passados 12 anos, não restam dúvidas quanto à atractividade do Aquário de Bacalhaus, habitado por cerca de 30 exemplares da espécie Gadus morhua – aquilo que os portugueses pescam e consomem há vários séculos. No próximo sábado, a unidade museológica faz a festa de aniversário deste seu equipamento, que esteve, recentemente, encerrado ao público, para obras de beneficiação.
“Notava-se algum desalento nos visitantes quando dizíamos que a chamada estava temporariamente fechada”, reconhece Nuno Costa, diretor do Museu Marítimo de Ílhavo, a propósito daquela que foi a primeira grande intervenção na estrutura com 3,2 metros de profundidade e capacidade para 120 metros cúbicos de água. “É uma necessidade de manutenção, tanto mais porque este equipamento funciona com água salgada”, acrescenta, sem esconder que os cerca de dois meses de cláusula de garantia – “as obras demoraram quase um ano, mas o público só esteve privado de passar por lá durante algum tempo”, explica – motivaram uma ligeira quebra no número de visitantes do museu. “Tivemos um decréscimo de cerca de 10.000 visitantes, passamos de cerca de 88.000 para 78.000, mas 2025 já será o ano de consolidar os 90.000 visitantes por ano”, aponta o diretor.
Neste momento, a poucos dias da festa de aniversário, o já conta com a sua população habitual de “cerca de 30 bacalhaus”, que vão sendo alimentados com lula, camarão, verdinho, pescada, petinga, alguns bivalves e pequenos crustáceos. Aquele que é “o único Aquário de Bacalhaus e também o único museu com um socorro”, repara Nuno Costa ao PÚBLICO, retomou assim a normalidade, por forma a oferecer ao público uma experiência única de conhecimento e lazer.
Jornadas “Aquários e Cidadania Azul” em dia de aniversário
Para assinalar o 12.º aniversário da proteção do Museu Marítimo de Ílhavo, foi preparado um programa que não deixa de olhar para o futuro. Entre as 14h e as 18h do próximo sábado, decorrerão as jornadas “Aquários e Cidadania Azul”, com vista a refletir sobre o papel das alterações na consciencialização e no comprometimento na defesa do futuro do nosso planeta. “Os Aquários em retrospectiva” será o painel que abrirá o encontro, contando com a participação de Mike Weber, da Estação Litoral da Aguda, e Inês Amorim, coordenadora do Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura Espaço e Memória, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
O segundo painel explora o tema “Os benefícios como recursos educativos e científicos” e a junta Luísa Sousa, do Fluviário de Mora, e Nuno Galhardo Leitão, diretor do Aquário Vasco da Gama. Já o terceiro e último painel gira à volta da temática “Os adicionais na protecção das espécies” e tem prevista a participação de Carlos Mota, do Fragário do Norte, e Miguel Paiva, do Sea Life Porto.
A temática da preservação dos recursos marinhos, e dos oceanos em geral, vai estar também em destaque noutros momentos do programa comemorativo preparado para o próximo sábado. É o caso de Aquarianasum espetáculo para famílias com crianças dos 12 meses aos cinco anos, que, ao ritmo da música, convida a embarcar na missão de tornar o oceano mais limpo – terá início às 10h.
As celebrações encerram ao final da tarde, mais concretamente a partir das 18h, com a assinatura de um protocolo de colaboração entre o Museu Marítimo de Ílhavo e o Comité Nacional para a Década do Oceano, o lançamento da 12.ª edição da revista Argosdedicado à “Década do oceano”, a apresentação do catálogo da exposição Mar Oceano: Legado de Mário Ruivo e a exposição da exposição de ilustração científica Oceanos de Vida, Mares de Ilustraçõesde Fernando Correia.