Na sua mensagem de Natal desta quarta-feira, o primeiro-ministro enviou um recordar que Portugal é “um dos países mais seguros do mundo”, tal como já havia feito no dia em que apresentou a campanha Portugal Sempre Seguro.
“Quero dizer aos portugueses que tenho reiteradamente dito que Portugal é um país seguro. É um dos países mais seguros, mas este contexto não é adquirido de forma permanente”disse Luís Montenegro no final de Novembro, no rescaldo do caso Odair Moniz.
Tal como então, na mensagem natalícia voltou a acrescentar um mas. “Somos um dos países mais seguros do mundo, mas temos de salvaguardar esse ativo para não o perdermos.”
A primeira parte da declaração não levanta dúvidas. Ó Índice Global de Paz 2024 (que não é só sobre paz, porque também mede os níveis de segurança e protecção social) coloca Portugal no top 10 dos países mais seguros. Claro que há criminalidade em Portugal (corrupção, tráfico de drogas, assaltos à mão armada e novas ameaças), mas ainda assim é o sétimo país mais seguro numa lista de 163.
A segunda parte da frase é que nos obriga a refletir. Como é que a segurança é ativa? Fomentando o clima de medo e insegurança ou testando estratégias para responder a certas fatias do eleitorado pode cumprir uma missão política, mas eventualmente dará resposta definitiva a esta questão.
O que nos pode ajudar é olhar para os seis que estão à nossa frente — a Islândia (o país mais seguro do mundo), a Irlanda (2.º mais seguro), a Áustria (3.º), a Nova Zelândia (4. .º), Singapura (5.º) e a Suíça (6.º) — e perceber o que é que eles fizeram que Portugal ainda não fez.
Aprender com o melhor é o caminho mais esclarecedor. E fazer as perguntas certas: que tipo de policiamento faz na Islândia? Como são treinados os agentes de segurança e quais meios têm ao seu dispor? Qual é o rácio de polícias por habitante e como é que isso se compara com Portugal? O que faz com que os insulares se sintam seguros? Qual é o peso da prevenção e da polícia de proximidade no trabalho dos agentes? Quais os níveis de igualdade social e confiança nas instituições no país que liderou o Índice Global de Paz 2024? O que podemos aprender com o melhor?
O país mais seguro do mundo segue uma estratégia. Devíamos estudá-la com urgência, emais uma vez de contribuirmos para que casos mais ou menos isolados se transformem em percepções generalizadas, marcando, de forma irreversível, a imagem que os portugueses têm (e, já agora, projectam) do seu país.