Se apenas dissermos “jogo entre o quinto e o 13.º classificado” da Premier League inglesa, poucas pessoas irão olhar duas vezes. Mas se dissermos “jogo entre o Manchester City de Pep Guardiola e o Manchester United de Ruben Amorim”, é sucesso de bilheteira garantida.
E ninguém deve ter dado o tempo como perdido, apesar de ter sido um jogo quase sem balizas durante mais de 80 minutos. Depois de estar mais de uma hora a perder, o United conseguiu uma reviravolta espetacular nos últimos minutos, acabando por triunfar por 1-2 no Etihad, naquele que foi a primeira grande vitória de Amorim na Premier League.
Com este triunfo sobre o City, Amorim adiantou-se no seu duelo particular com Guardiola. Em quatro confrontos, o técnico português já vai em duas vitórias sobre o catalão, depois de já ter ganho por 4-1 em Alvalade, ainda como treinador do Sporting, num jogo a contar para a Liga dos Campeões – os outros dois confrontos foram uma derrota por 5 a 0 e um empate por 0 a 0, também para a Champions.
Quando é o próprio a dizer que ainda tem muito trabalho para fazer, será importante para Amorim deixar já a sua marca na Premier League num “Dérbi”, mesmo sendo entre duas equipes em crise. Durante muito tempo pareceu que o City iria levar a melhor, mas diga-se que a equipe da casa não fez muito por isso. O gol que marcou aos 36′, um cabeceamento de Gvardiol após um cruzamento de De Bruyne que desviou no jogador do United, foi com bastante sorte.
Os “diabos vermelhos”fez por merecer outro resultado, acabando por criar as duas melhores oportunidades no segundo tempo, aos 62′, um cabeceamento de Diallo que Éderson defendeu, após cruzamentos de Bruno Fernandes, e um fracasso incrível do capitão do United perante o guardião brasileiro do City aos 73′.
Numa fase em que os “cidadãos”estavam em modo gestão, o United chegou ao empate. Matheus Nunes foi o protagonista (no mau sentido), ao fazer um mau passe para trás. Diallo chegou primeiro e o internacional português acabou por cometer penalidades. Na conversão do castigo, Bruno Fernandes fez o empate.
Já estávamos quase em cima dos 90′, mas ainda houve tempo para mais qualquer coisa. Praticamente na jogada seguinte, os “diabos vermelhos”concretizaram a reviravolta. Passe longo de Lisandro Martinez que cruzou na perfeição com a corrida de Diallo. O homem da Costa do Marfim ultrapassou Éderson e, de ângulo difícil, fez o 1-2.
Para o City, a crise continua a ser uma evidência. Só consegui vencer um dos seus últimos 11 jogos e ficou bem visível o desespero de Guardiola quando os gols começaram a entrar na baliza de Éderson. O tetracampeão inglês segue num impensável quinto lugar, com 27 pontos (a dez do líder, Liverpool), enquanto o United, que perdeu os dois últimos jogos na Premier League (Arsenal e Nottingham Forest), subiu ao 12.º lugar, agora com 22 pontos.
Amorim destacou a importância do triunfo, mas o seu discurso não destoou muito dos seus tempos do Sporting. “Três pontos. Temos muito para fazer, mas foi excelente para os nossos adeptos. A nossa conversa seria bem diferente se não houvesse golos, mas a exibição seria a mesma. Estiveram no jogo durante os 90 minutos. Não controlamos o resultado, mas acho que merecemos uma vitória. Foi um bom dia”, assinou o técnico português, cujo saldo como técnico do United vai em quatro vitórias, duas derrotas e um empate.
Do lado do City, sente-se o desespero nas palavras de Guardiola, que está a viver uma pior crise de resultados de sua carreira. “Não há muito a dizer. Sem defesa, eles foram extremamente persistentes. Ofereça-nos golos, a culpa é nossa. Não jogámos com compostura. Não sou suficientemente bom. Eu sou o treinador e tenho de arranjar soluções, mas não consigo. Queremos jogar melhor, mas, neste momento, não é possível.”