António Guterres, secretário-geral da ONU, referiu Esta quinta-feira que a adopção de medidas de segurança laboral de resposta ao calor extremo poderia poupar mais de 360 mil milhões de dólares (cerca de 341 mil milhões de euros) por ano.
“Nesta era de catástrofes climáticas, os sistemas de alerta precoce e a protecção contra o calor extremo não são luxos. São necessidades. E são bons investimentos”, disse António Guterres numa reunião em Bacu, no Azerbaijão, onde se realizou a 29.ª cimeira da ONU (COP29) sobre o clima.
Num painel sobre a emissão de alertas precoces de eventos extremos o responsável das Nações Unidas destacou que 2024 mostrou que a calamidade climática é agora um “lugar-comum” e que este está a caminho de ser o ano mais quente de sempre.
“Alertas rápidos para todos”
Os alertas precoces, acrescentou, têm um retorno “quase 10 vezes superior” e as Nações Unidas estão a trabalhar para que essas “protecções básicas” não sejam negadas a ninguém.
António Guterres recordou que em Julho foi lançado o Apelo à Acção Sobre Calor Extremo e que a ONU está agora a trabalhar para desenvolver um pacote de soluções para o calor extremo, e lembrou também que a iniciativa “Alertas rápidos para todos” está a trabalhar para garantir que “todas as pessoas na Terra estejam cobertas por sistemas de alerta precoce de múltiplos perigos até 2027”.
No entanto, quase metade dos países do mundo ainda não estão cobertos por sistemas de alerta precoce contra riscos múltiplos, adiantou Guterres. Em média, os países menos desenvolvidos e os pequenos Estados insulares em desenvolvimento são disponibilizados de menos de dez por cento dos dados que surgiram para criar sistemas de alerta eficazes.
Estados insulares vítimas de “uma injustiça colossal”
O secretário-geral da ONU participou também esta quinta-feira na COP29 numa cimeira de líderes dos pequenos Estados insulares em desenvolvimento, aos quais disse que têm todo o direito de serem zangados, porque estão a ser vítimas de “uma injustiça colossal”.
A injustiça está ligada à subida dos níveis dos oceanos, às furacões nunca antes vistas, às economias destroçadas, tudo devido às medidas perpetradas “por poucos”. “O G20 (grupos das 20 maiores economias) é responsável por cerca de 80% das emissões globais” de gases com efeito de estufa e “é uma injustiça que tem de acabar”, afirmou.
António Guterres exprimiu aos pequenos Estados insulares que o resto do mundo tem de os seguir e apoiar na ambição climática que demonstram, em primeiro lugar, conduzindo as emissões globais em 9%, em cada ano, até 2030.
Tal significa, acrescentou, eliminar gradualmente os combustíveis fósseis“de forma rápida e justa”, e que todos os países deverão apresentar até à próxima cimeira (COP30) novos planos de acção para o clima (NDC) para impedir um aumento da temperatura acima dos 1,5 graus Celsius em relação à época pré-industrial.
Adiantou ainda que os pequenos Estados merecem apoio para lidar com uma crise que não é eficaz e que é preciso levar a sério a questão das perdas e danos (um fundo criado há dois anos para proteger países impactos dos climáticos) assim como outros compromissos financeiros dos países mais ricos.