O candidato presidencial Venâncio Mondlane apresentou neste domingo disponibilidade para uma “pacificação nacional”, exigindo algumas medidas para participar no diálogo político, colocando fim à tensão pós-eleitoral que se vive em Moçambique.
“O que quero trazer agora é que tem de haver medidas concretas, que a população sinta no seu dia-a-dia que este diálogo também está a lembrar-se dela. A minha proposta foi o compromisso nacional de construção de três milhões de casas para jovens de cinco anos, uma verba até 600 milhões de dólares [585 milhões de euros] para as pequenas e médias empresas que sobreviveram durante o período das manifestações”, declarou Venâncio Mondlane, numa intervenção em directo, a partir da sua conta oficial na rede social Facebook, colocando que as medidas devem ser transformadas em lei.
Além da liberação de cerca de cinco mil detidos durante as manifestações de contestação dos resultados eleitorais, Mondlane pediu a aprovação, numa lei ou resolução parlamentar, de um compromisso do Governo para a criação de uma linha de financiamento de até 500 milhões de dólares (488 milhões de euros) para micro e pequenas empresas de jovens e de mulheres, em cinco anos.
Na sua intervenção, Venâncio Mondlane apelou igualmente ao tratamento médico e medicamentoso gratuito para todos os que foram feridos durante os protestos, assim como a compensação financeira para aqueles que perderam familiares.
“Se isto for feito com estas medidas, eu, Venâncio, sinto que temos uma boa plataforma para iniciarmos em Moçambique um processo de reconciliação, de pacificação”, disse o ex-candidato presidencial, afirmando que quer “o bem-estar do povo” .
“Se isso for feito, estou disponível a sentar na mesa de negociação, estou disponível até se calhar a chegar a um acordo nacional de uma agenda nacional com esses pontos, desde que essa agenda nacional depois tenha aprovação no parlamento em forma de uma resolução ou de uma lei”, indicou.
Venâncio Mondlane apelou no sábado a três dias de paralisação em Moçambique a partir de segunda-feira e às “manifestações importadoras” durante a posse dos deputados no Parlamento e do novo Presidente moçambicano, contestando o processo eleitoral.
“Chegou a hora de vocês demonstrarem a sua própria iniciativa”, afirmou, numa intervenção em directo, no início da noite, a partir da sua conta oficial na rede social Facebook, aludindo às cerimónias de posse agendadas para segunda-feira, dos 250 deputados , e para quarta-feira, do Presidente da República, Daniel Chapo.
“Estes três dias são cruciais para a nossa vida. Temos de demonstrar que o povo é que manda. Manifestações importadoras. Das 08h00 às 17h00 [menos duas horas em Lisboa] é suficiente, contra os traidores do povo, na segunda-feira, e contra os ladrões do povo, na quarta-feira”, afirmou.
Venâncio Mondlane regressou a Moçambique na quinta-feira, após dois meses e meio no exterior, alegando questões de segurança, e insiste em não reconhecer os resultados anunciados das eleições gerais de 9 de Outubro, em que a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder desde 1975) elegeu o seu candidato a Presidente da República, Daniel Chapo, manteve a maioria dos deputados na Assembleia da República e garantiu todos os governadores da província.