- Maria Luís Gameiro participa do Rali Dakar na Arábia Saudita e vai se relacionar na Fugas com sua experiência em cada etapa
Falar de dureza ou extensão de etapas do Dakar quase deixou de ser assunto. O tema é conseguir chegar ou não ao final da etapa, ter ou não problemas, ou quantas horas históricas que conduzem à noite. Isso sim é motivo de conversa mesmo no pouco tempo que temos no acampamento ou no período pré-partida.
Fico sempre triste quando chega a notícia de mais uma desistência ou de uma equipa que nos é mais próxima – nomeadamente as portuguesas – e que a noite dentro terá ficado parada na pista. Já nos aconteceu e é duro, mas também é para quem já está no acampamento, impotente para ajudar.
Apesar de menos exigente em termos de horário, este domingo voltaremos a enfrentar um dia com algumas dificuldades, mas que, no final, foram superadas em nova conquista. Completamos a etapa e estamos de volta ao acampamento, desta feita muito mais cedo do que o habitual. Foi um dia bom, sem penalizações e sem crises de maior. Bastou conseguir manter o andamento, sem paragens nem “fogos para apagar”. O 35º lugar – e consequente 28º entre os Challenger – é fruto de uma toada mais contida, mas enriquecedora: há imensas zonas em que os trilhos deixados pelas equipes à nossa frente chegam a ser mais profundos do que as rodas do nosso carro. Isto, julgo que dará uma ideia, da “tareia” a que estamos sujeitos diariamente.
Voltando ao tema da condução nocturna, seria de esperar que houvesse algum recebimento, face aos riscos naturais que corremos, nomeadamente quando atravessamos aldeias. Isso me assustou, antes de conhecer a realidade da organização da prova. Um acidente acontece quando menos esperamos e, devido a carros de competição, temos muitos exemplos.
A verdade é que, quer de dia quer de noite, estão espalhados pelas pistas e também nas ligações uma quantidade enorme de agentes de autoridade. Cabe-lhes garantir que, nas especiais, o público se coloque fora das zonas de pista passíveis de passagem de concorrentes. Por outro lado, nas ligações, por vezes atravessamos aldeias, vilas, etc. e em todos os pontos de maior afluência de trânsito, temos sempre caminho livre. Isto não apenas transmite na generalidade uma agradável sensação de segurança, como nos facilita bastante a vida, fazendo com que seja menos um tema em que pensar…
A autora escreve segundo o acordo ortográfico