Ainda sobre Hélder Rosalino
A 2 de Janeiro enviei uma carta (não publicada) onde discutia o assunto Hélder Rosalino (HR) e nessa carta escrevi o seguinte: “Se HR ia sair do Banco de Portugal (BdP) e não ia ser substituído, quer dizer que o seu trabalho no BdP foi detectado por outros; assim, o que é que Hélder Rosalino vai agora fazer no Banco de Portugal? Uma hipótese razoável é pensar que, nas actuais circunstâncias, não tenha nada de especial para fazer no BdP e que tenha que se inventar qualquer coisa para justificar os 16 mil euros mensais”. Pois bem: dito e feito. O BdP numa semana inventou mesmo um lugar para ele: o de administrador da Valora (deixando de ser mero consultor e passando a ter mais vínculo), que é uma sociedade que imprime notas de euro. Mas esta sociedade não tinha já administração?! Estejamos atentos à audição na Assembleia da República.
Fernanda Vieira, Lisboa
Gangues de preparação
Na edição de terça-feira do PÚBLICO, através de um cronista com problemas de informação, faz um ataque à esquerda do Reino Unido. Afirma Maria João Marques que o escândalo Gangues de preparação foi abafado, quando na realidade foi o próprio Governo de Starmer a tornar público um relatório em Novembro passado. Nesse relatório chega-se à conclusão de que não existe qualquer precedência relativamente à proveniência de um determinado grupo étnico, antes pelo contrário, 83 por cento dos condenados eram brancos e apenas 7 por cento asiáticos, de acordo com a proporção da população desse país.
Para além de tentar criticar uma notícia falsa divulgada por Musk, Maria João Marques dá-lhe continuidade, não sendo capaz de verificar os factos, o que é grave no caso em apreço.<_o3a_p>
João Camacho, Alcanede
As juntas e os incêndios
A propósito do megaincêndio que assolou Los Angeles, houve quem alertasse para daí tirarmos ensinamentos sobre o problema de incêndios em Portugal. Sem pôr em causa o aviso, a verdade é que, para o efeito pretendido, seriam encontrados os incêndios que anualmente assolam o país, tendo como ponto de referência o de Pedrógão Grande. Por isso avisados sempre estamos, mas as soluções não aparecem. Só de pensar, por exemplo, que Portugal cedeu os helicópteros de combate aos incêndios – os Kamov – à Ucrânia, brada aos céus. Mas há mais, por muito que está ao nosso dispor fazer e não se faz. É imperativo e obrigatório a intervenção dos presidentes das juntas de freguesias na fiscalização das áreas florestais e de plantação existentes nas respectivas áreas. Deveria caber-lhes a obrigação de informar os serviços camarários relativamente aos terrenos, a limpeza dos quais não é feita atempadamente, dando conta das possíveis dificuldades de acesso, onde tal problema se coloca. Houvesse este compromisso e porventura muita calamidade se poderia evitar.
António Colaço, Lisboa
Categorias etárias
É uma das novas “modas”. As (novas) categorias etárias com as suas classificações. Nos últimos dias vou tropeçando nelas. No PÚBLICO de 6 de Janeiro, numa carta ao diretor, um senhor de 86 anos descrevendo como suas atitudes para tornar aquilo que considera os serviços “burocrático-kafkianos” que não o deixaram – acabou por conseguir – entrar na “fila dos prioritários” só porque tem a idade que tem. “Idadismo”, adivinho que saiu da boca, mas não é verdade. Hoje, em Uma mosca de Luís Afonso, na Antena 1, o cartoonista brinca/goza com a pretensão de quererem passar o limite superior da adolescência para os 24 anos. A pretensão já vem de há tempos, até pelos “especialistas” daquele grupo etário, dentro da Sociedade Portuguesa de Pediatria. Ganhar espaço dentro do seu múnus, direi eu. E Pedro Norton “quer” organizar um novo grupo entre o “adulto” e o “idoso”, pois “os velhos já não são o que eram”. Tudo isto me cheira a “lampedusiano”, mas “quem sou eu” para o dizer…
Fernando Cardoso Rodrigues, Porto
Exéquias de Santa Engrácia
Foram precisos 125 anos da sua morte para que José Maria de Eça de Queiroz viesse a ser finalmente sepultado no Panteão Nacional, depois de ter sido inumado em dois cemitérios anteriores. Eça, exímio escritor, como romancista e contista, foi também um ilustre diplomata.
Morreu em 1900, em Neuille-sur-Seine, perto de Paris, e foi transladado para Lisboa, sendo sepultado no cemitério do Alto de S. João. Em 1989, os seus restos mortais foram novamente traduzidos, para o cemitério de Santa Cruz do Douro, em Baião. Agora, com toda a pompa e especificidade, passou a ser mais um ilustre inquilino da casa dos nossos “imortais”. Depois de morto, Eça de Queiroz nunca na vida terá pensado nas bolas em que o meteram. Só me resta desejar-lhe paz à sua alma.
José Amaral, Vila Nova de Gaia
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