Em comunicado, o Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA) considerou que os quatro projetos “não estão adequadamente considerados nos estudos de impacto ambiental (EIA)” de cada uma das centrais solares.
“Parece também haver falta de planeamento estratégico e pouca clareza sobre a viabilidade técnica de utilização do ponto de injeção na rede de transporte de eletricidade da barragem de Alqueva para uma capacidade solar total superior ao dobro da capacidade de injeção”.
O GEOTA destacou que existem quatro centrais em fase de licenciamento para este território, concretamente Sobreira de Baixo, com uma potência instalada de 242 MW (megawatts) e uma área de 445 hectares, e Alqueva, com uma potência instalada de 432 MW, em um terreno de 570 hectares.
A central Cristovão Colombo I, que terá capacidade instalada de 474 MW e ocupará uma área de 895 hectares, e a central flutuante, com capacidade instalada de 84 MW numa área de 250 hectares e que inclui energia eólica potência de 70 MW, ficam as demais usinas. Se os quatro projetos avançarem, adianta a organização ambientalista, as centrais terão um total de 1,3 GW (gigawatt) de potência instalada (1.232 MW de energia fotovoltaica e 70 MW de energia eólica) e ocuparão uma área total de cerca de 1.700 hectares. hectares.
“É necessário clarificar a compatibilidade dos quatro projetos de injeção de eletricidade na subestação de Alqueva, garantindo a estabilidade da rede e um nível reduzido de corte de produção”, destacou. Para o GEOTA, estes projetos, se implementados, “terão impactos negativos, significativos e parcialmente irreversíveis nos solos, cursos de água, paisagem, fauna e flora num território com valor ecológico relevante”.
Flora e fauna
“Os EIAs destacam a presença de várias espécies icónicas e ameaçadas de fauna e flora nas áreas propostas para centrais solares, incluindo evidências da presença recente do lince ibérico”, observou. Segundo a organização ambientalista, a construção das centrais solares de Sobreira de Baixo e Alqueva envolverá um total “do abate de 460 azinheiras e 22 sobreiros adultos”.
“Considerando a dimensão dos projetos, as medidas de mitigação e compensação, embora relevantes, são insuficientes e têm um potencial reduzido, pouco quantificável e difícil de monitorizar no longo prazo”, acrescenta o GEOTA. Por outro lado, segundo o GEOTA, os projectos apresentam “pouca compensação para a economia socioeconómica local, incluindo em termos de criação de emprego”, pois “estão previstos apenas dois empregos directos no caso da fábrica de Sobreira de Baixo e quatro na Fábrica de Alqueva”.
“O GEOTA insta os promotores a aumentarem a sua ambição na redução dos impactos das plantas e compensá-los, por exemplo, reduzindo o tamanho da área afetada pela planta, aumentando a área a reflorestar”, frisou. Acrescentou que pede também que compatibilizem as centrais com outras actividades económicas e beneficiem as comunidades locais com intervenções de reabilitação energética de habitações e apoio à instalação de sistemas fotovoltaicos.
A Lusa tentou contactar os presidentes da Câmara de Moura, Vidigueira e Portel, todos na zona de Alqueva, para comentar, mas sem sucesso.