A recepção do Calla Wellness & Spa é não salão da Casa do Lavra, situada paredes meias com o elevador com o mesmo nome, que liga o Largo da Anunciada, por trás da Avenida da Liberdade, em Lisboa, e a Rua Câmara Pestana, por trás do Campo Mártires da Pátria. É o mais antigo funicular da cidade. Já o spa foi inaugurado recentemente, e fica na caverna do palácio. É lá que se encontra um banho turcoque deu o mote à decoração do espaço, todo ele a lembrar terras marroquinas.
As almofadas de riscas, em tons de rosa e terracota, os candeeiros de latão e as cadeiras de madeira, bem como as plantas do deserto como apontamento e uma sala toda ela de mármore, que faz a ligação para o banho turco, também ele na mesma pedra rosa, completam o imaginário de outras paragens. Só falta a mesma música, mas esta chega com toques orientais.
A Casa do Lavra é a última aquisição do grupo Torel Boutiques, que inaugurou naquela mesma rua, com números à frente, em 2013, o primeiro hotel. Desde então, tem vindo a adquirir os edifícios contíguos e somando mais quartos ao projecto, assim como dois restaurantes, o Black Pavilion e o 2Monkeys, este último já é detentor de uma estrela Michelin.
Mas, voltamos ao spa. A recepção é numa salinha onde também funciona a loja do hotel. É ali que respondemos ao inquérito de bem-estar e o terapeuta nos vem buscar, para descer até à caverna por dentro de um palácio que pertence a uma família que tinha plantações de cacau em São Tomé. Há apontamentos decorativos, como os tectos da entrada e do Duke’s Bar, todos em madeira, que gravam esses tempos.
Chegadas à caverna, há um espaço com balneários e o ginásio, e uma porta para um pátio onde, de um lado fica o banho turcoo banho turco, e do outro, a sala de massagens, com as mesas separadas por uma cortina, transformando a sala em duas. É um pátio que funciona como uma espécie de jardim interior e onde, em dias bons, se pode ficar a relaxar após um tratamento.
A proposta é o Ritual Hammam. No centro da sala é uma mesa de pedra que é aquecida e está a 32ºC. Deitamo-nos e o ritual começa com uma ensaboadela com sabão negro, segue-se uma estada na sala de banho turco, sentado na pedra quente e envolto no vapor, de maneira a potenciar a desintoxicação da pele do corpo e, também, a relaxar. Passados uns bons minutos, voltamos à pedra que já não parece tão quente como ao início. Agora, com uma luva kassaindicada para esfoliar, é feita a esfoliação e segue-se um envolvimento com lama Ghassoul, uma argila castanha, de origem vulcânica, encontrada na região do Médio Atlas em Marrocos, que deixa a pele macia.
Por cima do nosso corpo, vamos ouvir o chocalhar dos recipientes de latão, usados para a argila e para a água que ajudam a remover todas as impurezas. E podíamos ficar por aqui, mas somos convidados a passar à sala de massagem, onde o terapeuta faz uma massagem terapêutica, que pode ser com óleo ou velas quentes. E, pode ser feito em casal, então, atrai dois terapeutas na sala e o desafio é fazer em uma massagem sincronizada.
“Há uma relação com o norte de África, mas podemos ser mais criativos no spa”, declara Sonja Lima, gerente do hotel, avançando que o objectivo é ter aulas de ioga, respiraçãoou seja, aprender técnicas de respiração, entre outras propostas. “Vamos fazer coisas mais interessantes no futuro”, promete, enquanto mostra o novo palácio, também ele dedicado às figuras da monarquia portuguesa.
O Torel Palace é um hotel boutique, com 39 suítes que, no futuro serão 37, e que recebe sobretudo estrangeiros, mas que também tem uma clientela portuguesa que chega não só para dormir com vista para o Bairro Alto e Príncipe Real, mas também para experimente a gastronomia dos dois restaurantes, descrevendo a responsável, sublinhando que há lista de espera para o 2Monkeys. “Por vezes não consegue sentar os hóspedes”, lamenta. É que além dos clientes passantes, os que não dormem no hotel, podem ir ao spa, também podem comer nos restaurantes, incluindo tomar o pequeno-almoço no Black Pavilion ou confraternizar o Duke’s Bar.
“Como não é um hotel tradicional, as pessoas querem ter uma experiência diferente”, justifica Sonja Lima, enquanto mostra algumas das suítes, de diferentes dimensões e núcleos. Por exemplo, na Casa do Lavra, há dez suites que variam entre os 35 e os 80 metros quadrados. Com este novo edifício, o Torel tem agora quatro e, além das suítes, existe a opção de ficar num dos cinco apartamentos ou na vila com jacuzzi. Tratam-se de tipologias pensadas para famílias ou grupos de amigos, diz a gerente. No exterior, há piscina que já existia, uniu-se uma nova, redonda e com vista para a outra colina.
“Temos alguns hóspedes repetintes, pessoas que se sentem em casa, uns gostam do design, outros da gastronomia, da cultura”, enumera Sonja Lima, que tem experiência internacional, e que aposta num serviço personalizado. “Tentamos, através das reservas diretas, ter tudo organizado de acordo com as expectativas e os gostos dos clientes”, explica, enquanto subimos ao cimo da torre da Casa do Lavra, a que o grupo decidiu baptizar a Torre do Torel.
A subida faz-se por uma escada de madeira em caracol, toda ela decorada com flores de todas as cores e feitios, dando um ar um pouco kitsh à solene escada. Quando a torre foi construída, no final do século XIX, era a mais alta da cidade, diz a responsável. Quando se abre a porta, há uma volta de 360º para fazer, abrindo a possibilidade de adivinharmos que edifício é este ou aquele. Terminada a volta e deslumbrada com a vista, Sonja Lima sorri e revela uma das tais experiências que podem ser organizadas com os hóspedes: “Já houve aqui pedidos de casamento.”
O PÚBLICO fez o tratamento de spa a convite do Torel Palace Lisboa