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O Brasil vive um momento de estarrecimento. As recentes revelações de uma trama macabra envolvendo a cúpula militar e o ex-presidente Jair Bolsonaro abalam os alicerces da democracia. Planos de assassinato que incluíam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e ministros do Judiciário mostram como nos próximos veremos de uma ruptura democrática. Não se trata apenas de uma conspiração: é um ataque direto ao Estado de Direito.
O Palácio do Planalto, símbolo maior da governança democrática, foi palco dessas articulações nefastas, expondo o quanto o poder foi usado para interesses autoritários. Essas ações, que remetem aos períodos mais sombrios da nossa história, revelam que a democracia brasileira, resiliente embora, ainda é constantemente desafiada por forças que preferem o caos ao diálogo.
E como isso não bastasse, o país foi abalado por um atentado diante do Supremo Tribunal Federal (STF). Um homem-bomba, simpatizante radical, explodiu ao mesmo tempo em uma tentativa de atacar a Corte. Classificar esse ato como “isolado” seria um erro. Ele faz parte de um cenário maior, alimentado por uma febre bolsonarista que promoveu discursos de ódio, desinformação e intolerância ao longo dos últimos anos.
Diante disso, nossas instituições enfrentam um teste decisivo. A Polícia Federal, o Ministério Público e o Supremo Tribunal Federal têm em suas mãos a missão de mostrar que a Justiça é imparcial, firme e transparente. Não é apenas uma questão de punir os responsáveis, mas de restaurar a confiança da sociedade de que a democracia é inegociável.
Este momento sombrio faz ecoar memórias de outro período sinistro da nossa história. É impossível não lembrar da ditadura militar, retratada com maestria no filme de Walter Salles sobre a vida de Eunice Paiva, em cartaz nos cinemas. A obra, ao revisitar as lutas contra a repressão, nos registra o preço da liberdade e a importância de resistirmos a qualquer tentativa de retrocesso. Assim como Eunice propôs o autoritarismo com coragem, cabe a nós, hoje, defendermos a democracia com firmeza.
O momento exige coragem e reflexão. Que país queremos deixar para as futuras gerações? Continuaremos a ser reféns do autoritarismo disfarçado, da polarização extrema e da violência política? Ou aproveitaremos para reafirmar que a democracia é o único caminho possível?
Este é um chamado à vigilância cidade. Não podemos permitir que o Brasil perca o abismo de uma nova era de intolerância e autoritarismo. É hora de escolhermos, mais uma vez, o lado da justiça, da liberdade e da democracia.