O Presidente chinês, Xi Jinping, chegou ao Rio de Janeiro no domingo para participar na cúpula do G20 e “conversar em profundidade com o Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva”, informou os mídia estatais chineses nesta segunda-feira, citados pela Reuters.
Em comunicado, Xi disse que espera ter uma troca de pontos de vista com o Presidente brasileiro sobre o aprofundamento das relações entre os dois países e que os dois líderes vão falar sobre a promoção de estratégias de desenvolvimento entre a China e o Brasil, bem como discutir questões internacionais e regionais.
O principal interesse da China é que o Brasil adira ao seu programa Cinturão e Rota, de que já faz parte de mais de 100 países, mas o Governo de Lula da Silva decidiu não integrar formalmente a Nova Rota da Seda, segundo noticiou a CNN Brasil no início de novembro.
O principal argumento é que o Brasil já tem o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) como prioritário para a agenda de investimentos no país e que a ideia é continuar a oferecer os projetos do programa aos chineses, adiantou a CNN Brasil, acrescentando haver o recebendo disso, ao distribuir a Nova Rota da Seda, o Brasil se submeta mais aos interesses chineses do que aos brasileiros, acabando por dar um cheque em branco ao gigante asiático para escolher onde quer investir.
Em vez disso, a diplomacia brasileira propôs a assinatura de um documento conjunto (um memorando de entendimento, como fez Portugal) que falará na ampliação das sinergias entre os dois países em diversos projetos nas áreas de infra-estruturas, finanças, energia, tecnologia e industrialização. Agora, a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais americanas deverá ser usada pelo Governo Lula para tentar negociar parcerias mais vantajosas com o líder chinês.
A China é o maior mercado de exportações do Brasil, e o comércio da China com o Brasil aumentou 9,9% nos primeiros 10 meses de 2024 em relação ao mesmo período do ano passado, informou a agência de notícias oficial chinesa Xinhua nesta segunda-feira , salientando que os dois países celebram este ano 50 anos de relações diplomáticas e são ambos membros do grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, a que se juntaram outros países do chamado Sul Global).
A decisão de não adesão formal à Nova Rota da Seda não foi unânime no Governo brasileiro, segundo a CNN Brasil. A China contou com o apoio do presidente do Banco dos BRICS, a ex-presidente brasileira, Dilma Rousseff, grande entusiasta da ideia, mas causou fortes resistências no Governo, em especial nos ministérios das Relações Exteriores e da Fazenda.
Segundo um diplomata ouvido pela CNN, é provável que, após uma reunião bilateral entre os dois chefes de Estado, os anúncios sejam genéricos o suficiente para permitir à China dizer que o Brasil entrou na Iniciativa Cinturão e a Rota, e ao Brasil sustenta que não aderiu . Mas, na verdade, continuará tudo como antes: qualquer empresa chinesa que queira investir num projeto de infra-estruturas no Brasil precisará seguir os mesmos trâmites de sempre: obter licenças ambientais, participar em concorrência pública, cumprir todas as leis trabalhistas e submetê-las. se ao escrutínio dos órgãos de controlo.