A caça ao homem
Vivemos um período estranho na convivência mundial. Guerras infindas em muitas partes do globo, em que as mais noticiadas são as que envolvem nações que têm estatuto de estrelas no areópago mundial. As guerrilhas em territórios da África e da América do Sul são comentadas esporadicamente nos órgãos de comunicação mundiais. Já há algum tempo que a luta entre russos e ucranianos acompanha diariamente o mundo da informação. Como se não houvesse civilização, surgiu, há mais de um ano, uma guerra fratricida entre palestinos e judeus num desamor que dura há séculos.
Em ambos os espaços nacionais, a destruição das estruturas de segurança à vida pessoal e colectiva, como habitações, hospitais, escolas, jardins ou estradas, e um nunca mais acabar de apoios às populações, que levarão muitas décadas a serem recompostas, são um terror para todos os seres humanamente conscientes. Do alto de suas tribunas, os responsáveis que dirigem instituições criadas para gerenciar e organizar um mundo melhor, emitem uns parolos conselhos, que os intervenientes não respeitam, e nada acontece aos infratores, mesmo que haja um rol de punições para quem não os respeita, pois não há capacidade de pôr em prática.
Como se não bastasse tanta destruição, agora até a natureza, de quando em vez, envia-nos mensagens perigosas compostas por destruição, como aconteceu na vizinha Espanha. Às forças da natureza não nos podemos importar, mas às guerras e destruições realizadas pelo próprio homem é nosso dever estar contra e travá-las.
Joaquim Carreira Tapadinhas, Montijo
Ainda Olivença
Chamou-me a atenção, no PÚBLICO de 23 de Outubro, a propósito da Cimeira Luso-Espanhola de Faro, a frase “o único percalço nos últimos meses teve contornos de anedota, com a reivindicação de Olivença e Talega por parte do ministro da Defesa , Nuno Melo” (pág. 3). Na verdade, talvez se possa dizer que Nuno Melo escolheu o lugar e o tempo errados. Mas as declarações de Paulo Rangel, dos Negócios Estrangeiros, sobre o incidente (“A posição de Portugal sobre o caso é conhecida e mantém-se”) demonstram que o tema “Olivença” permanece em cima da mesa, apesar do silêncio oficial que sobre ele pesa.
Mas quais são as últimas posições oficiais portuguesas conhecidas? Começamos por 2007. A 12 de Novembro desse ano, um documento do Ministério dos Negócios Estrangeiros afirmava que a sua posição era a “de que nenhum ato, acordo ou solução (…) deve implicar o reconhecimento (…) da soberania espanhola sobre Olivença”; em 2011 (15 de Junho), outro documento do mesmo ministério dizia que Portugal continuava na posição de não “reconhecimento, explícito ou implícito, da soberania de Espanha sobre Olivença”.
Em 2014 (26 de Setembro), em declarações à RTP, Maria Manuela Falcão, dos Negócios Estrangeiros, reafirmava: “Nnão autorizaremos a soberania territorial de Espanha sobre esse pedaço de linha de fronteira.” Rui Lopes Aleixo, embaixador, acrescenta: “Portugal não prescinde de reivindicar esse direito [sobre Olivença].” Por fim, em 2018 (11 de outubro), foi divulgado que Olivença não faria parte da Eurocidade Badajoz-Elvas-Campo Maior por Portugal não aceitar que a cidade nela figurasse como “espanhol”.
Afinal, pois, existe mesmo um diferencial oficial em torno de Olivença, e é caso para perguntar: que caminhos ínvios seguem a política diplomática de Lisboa?
Carlos Luna, Estremoz
Tempos de escuridão com Trump
O cenário político degradante, antes da eleição, teve em Donald Trump tiradas malquistas inqualificáveis. Deportará 11 milhões de imigrantes(!), não regularizando às mulheres o direito ao seu corpo, acabando com a interrupção voluntária da gravidez. É boçal e destila raiva com agressividade esquizofrénica. Trump é uma imagem caricatural da crise estrutural nos EUA. Protetor, isolador e defensor do capitalismo feroz que reproduz basta pobreza e miséria.
Ressentido, vingativo, autocrata musculado, negacionista da covid-19, considera as alterações climáticas uma fraude e é apologista dos combustíveis fósseis. Adepto do confronto através do discurso do ódio e da extrema-direita fascistóide. Adversário da liberdade dos jornalistas, amordaça a imprensa com suas redes sociais terroristas. Será arbitrário e autoritário – absolutista, sustentado pelas duas câmaras controladas pelo Partido Republicano e pelo Supremo Tribunal, com magistrados escolhidos por ele.
A vitória de Trump também é a de Putin, Netanyahu, Kim Jong-un, Órban, Musk,… indivíduos que representam o pior da política.
Vítor Colaço Santos, São João das Lampas