A água é o bem mais precioso do planeta mas também um dos mais ameaçados, como lhe mostramos no Mais Mundo.
A água é a origem e a fonte da vida em todos os ecossistemas, em todos os continentes. Os “páramos”, zonas altas do Andes da América do sul não são exceção, pelo contrário. Estas charnecas aparentemente semidesérticas podem ser responsáveis pelo abastecimento de grandes cidades no Peru, Colômbia e Equador.
O equilíbrio foi perdido após anos de sobreexploração do território, por exemplo, através criação de gado num ecossistema desadequado para tal. Às agressões ao ambiente perpetradas no continente juntam-se agora aos efeitos das alterações climáticas.
Uma das estratégias passa pela recuperação das espécies nativas do páramo e pelo inevitável envolvimento das populações locais, os maiores conhecedores dos segredos do território.
Organizações locais, internacionais e ativistas pelo clima conseguiram alertar as agências governamentais que acordaram para a urgência da recuperação dos solos antes que seja demasiado tarde.
Extração de ouro pela sobrevivência
Neste Mais Mundo mostramos-lhe uma das extrações de ouro do vale de Prestea-huni, no Gana, que como todas as outras, é ilegal. Os mineiros trabalham com as pernas e as mãos mergulhadas em lama impregnada de mercúrio e de outros metais pesados. Arriscam a saúde pela sobrevivência.
A extração de ouro é um negócio florescente no Gana. Dá trabalho e rendimento a muitas famílias, mas põe em risco a saúde dos mineiros que não têm equipamentos de proteção, seguros ou assistência médica.
Segundo as organizações de direitos humanos, nos últimos anos dezenas de homens morreram nestas minas. Muitos foram apanhados por desmoronamentos, outros morreram na sequência de doenças pulmonares provocadas pela inalação de poeiras impregnadas de chumbo e também pelos vapores do mercúrio e do ácido nítrico usados no processo.
No final do processo, os químicos vão parar aos rios sem qualquer tratamento, destruindo o ambiente e ameaçando a saúde de toda a população. 65% dos recursos hídricos do país estão contaminados.
Os protestos dos ambientalistas nas ruas da capital Acra têm-se multiplicado. Quase metade do ouro extraído no Gana vem de pequenas minas.
O restante está nas mãos de grandes empresas multinacionais que conseguiram concessão governamental. As autoridades garantem que o ouro destas pequenas extrações sai ilegalmente do país.
Há também suspeitas de que a extração de ouro seja financiada por organizações criminosas com ligações a figuras poderosas do país. Mas para os habitantes das regiões mais remotas do Gana estas pequenas minas são uma tábua de salvação.
Dão trabalho e rendimento, escasso mas essencial num país onde um quarto da população vive abaixo do limiar da pobreza.