O ministro da Defesa considera “realmente extraordinário” que a sua posição sobre Olivença se tenha tornado polémica. Nuno Melo tinha dito, em meados de setembro, que a localidade em causa “é portuguesa” e, na altura, defendeu que “não se abdica” dos “direitos quando são justos”.
O ministro da Defesa Nacional reiterou esta terça-feira que a sua posição de que Olivença pertence a Portugal é a que é defendida pelo Estado e o Governo português desde há 209 anos, considerando “realmente extraordinário” que se tenha tornado polémica.
Numa audição na comissão parlamentar de Defesa Nacional da Assembleia da República, o deputado do Chega Henrique Freitas criticou “a infeliz afirmação” feita por Nuno Melo em Estremoz, em setembro, referindo-se ao facto de o governante ter afirmado que Olivença era portuguesa.
Na resposta a esta intervenção, o ministro da Defesa afirmou que a afirmação que fez nessa ocasião “corresponde à posição de Portugal há 209 anos” e reiterou que não mudou a opinião que tem sobre o assunto.
“Eu não lhe pergunto se Olivença é portuguesa, mas a resposta que eu dou corresponde à posição de Portugal há 209 anos, ininterruptamente: em monarquia, na Primeira República, no Estado Novo e também agora”, afirmou Nuno Melo.
O ministro da Defesa Nacional ofereceu ao deputado do Chega o livro “Olivença na História”, editado pela Assembleia da República em 2022, pedindo-lhe que veja as conclusões a que esse estudo chegou, que “correspondem também às conclusões que estão no Ministério dos Negócios Estrangeiros e de vários governos”.
“Por isso, que o que é a posição do Estado português tenha sido caso é que é para mim realmente extraordinário“, afirmou.
“Tamanho da ignorância” de muita gente
Nuno Melo salientou que a polémica permitiu-lhe, contudo, verificar o “tamanho da ignorância” de muita gente que comenta no espaço público, salientando que ouviu coisas de “pessoas que têm acesso a jornais, rádios e televisões, que não achava possível em pessoas minimamente cultas”.
“Até lhe digo: ouvi coisas que, estivéssemos nós no dia 1 de dezembro de 1640, fossem os portugueses feitos de gente assim e, provavelmente pela janela fora do Paço da Rainha, teriam saído esconjurados e em cima ficava o Miguel de Vasconcelos a bater palmas”, disse, acrescentando que, nos dias em que durou a polémica, viu “muita gente a defender o interesse espanhol”.
“Eu vou a Espanha e não vejo os espanhóis a defenderem os interesses dos britânicos em relação a Gibraltar ou o interesse dos marroquinos em relação a Ceuta e Melilha. Mas, por aqui, ouvi coisas que só poderiam decorrer de uma certa ignorância. Valha a vantagem de alguns terem pelo menos lido alguns livros de História e, tendo lido livros de História, terem percebido que o Estado está acima de cada um de nós”, frisou.
Alegadas ofensas de Rangel a militares em Figo Maduro
Na resposta, Nuno Melo salientou que Paulo Rangel é o único que poderá esclarecer o episódio em questão, salientando que terá ocasião de o fazer no parlamento caso as audições requeridas pelo PS e pelo Chega sejam aprovadas.
“Tivemos já oportunidade de escutar o ministro Paulo Rangel e suponho que foi claro, dizendo que houve um mal-entendido que está esclarecido e, por isso, tudo foi já superado”, acrescentou, antes pedir ao deputado do PS para “não retirar conclusões do que não se tem como conhecer completamente”.
Nuno Melo acrescentou ainda que, como ministro da Defesa Nacional, a sua obrigação “é poupar as Forças Armadas àquilo que faz muito sentido no plano político”, que considerou ser “um bocadinho mais comicieiro, de quem procura audiência”.
“As Forças Armadas devem ser poupadas, pelo menos através do ministro da Defesa a essa perspetiva, o que não invalida as explicações que sejam dadas no parlamento. Eu, da minha parte, não terei muito mais a acrescentar: aguardarei também e tenho a certeza que as explicações serão boas aquelas que tenham que ser dadas pelo ministro Paulo Rangel”, afirmou.