Sexta-feira, Outubro 11

Na presença de jornalistas Luís Montenegro não quis reagir às declarações do líder do Chega que, em entrevista à CNN Portugal, o acusou de “mentir aos portugueses”

No dia seguinte à entrega do Orçamento do Estado no Parlamento e menos de 24 horas depois de ter sido acusado por André Ventura, na entrevista à CNN Portugal, de “mentir aos portugueses” quando disse que não negociava com o Chega, Luís Montenegro recusou comentar, perante os jornalistas, as alegações. 

“Já tive ocasião de dizer tudo aquilo que é importante ser dito”, respondeu o primeiro-ministro, à margem de uma sessão em Albergaria-a-Velha, no distrito de Aveiro, para anunciar os apoios que vão ser disponibilizados aos agricultores deste concelho afetados pelos incêndios, reiterando ter dito “tudo o que tinha para dizer” sobre o assunto, ao mesmo tempo que espera que o Governo “se foque nos problemas das pessoas e não nos problemas dos políticos”.

Sobre o próprio OE2025, o primeiro-ministro também não se alongou, até porque havia outra polémica por esclarecer – as declarações que proferiu sobre os jornalistas e as perguntas “sopradas” através do auricular. Montenegro remeteu a questão para um artigo de opinião publicado no jornal Expresso.

“O Governo está empenhado em ter bom jornalismo, o bom jornalismo faz falta à democracia e é um valor sem o qual o país não tem condições para progredir. Para isso, é preciso valorizar a profissão, para isso é preciso que todos nós nos concentremos em cumprir a nossa tarefa”, disse, continuando a justificar: “Um contributo que também posso dar e que devo dar, como agente político, para a valorização da profissão de jornalista é, não só os apoios que nós temos no plano de ação para a comunicação social, mas também alertar de que em várias ocasiões é importante que a comunicação social possa transmitir ao país aquilo que é a substância das nossas ações.”

A título de exemplo, Luís Montenegro explicou que passou o dia em Albergaria-a-Velha a abordar estratégias de recuperação dos incêndios depois dos prejuízos do mês passado, mas lembrou em tom de crítica: “As senhoras e os senhores jornalistas, legitimamente e eu respeito mesmo muito isso, fazem-me perguntas de outras coisas e aquilo que quis alertar foi que muitas vezes estas segundas ou terceiras perguntas acabam por anular aquilo que nós estivemos a fazer.”

Luís Montenegro defendeu que tem o “direito” de partilhar as “suas posições e contributos para que, do ponto de vista editorial e do ponto de vista jornalístico, a prestação de um serviço público a toda a comunidade possa ser melhorada”.

“Acho que os jornalistas também são os primeiros interessados em ter essas ajudas, como nós, como nós políticos, também somos os primeiros interessados em ouvir dos jornalistas e de todos os outros cidadãos aquilo que têm a dizer sobre a nossa atividade”, argumentou.

Após a intervenção de um dos jornalistas presentes que questionou Montenegro sobre o facto de ter colocado “em causa o profissionalismo dos jornalistas”, o primeiro-ministro respondeu que “não é verdade”. “Não insistam. Não vale a pena incendiar um posicionamento que é muito claro e que é de respeito. Sinceramente, eu estou muito à vontade para ser criticado, para poder ser escrutinado e para poder ser avaliado, também do ponto de vista jornalístico, mas queria que as senhoras e os senhores jornalistas tivessem também a possibilidade de tentar compreender aquilo que eu quis dizer.”

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