Sexta-feira, Outubro 11

Em entrevista à CNN Portugal, o líder do Chega acusa o primeiro-ministro de ter feito “jogo duplo” e afirma que o Governo tinha dois parceiros: “o preferencial público e o preferencial privado”

Garantiu que iria trazer novidades e trouxe-as mesmo. Logo no início da entrevista à CNN Portugal, André Ventura acusou Luís Montenegro de “mentir ao povo português” sobre o Chega e as negociações para o Orçamento do Estado. O líder do Chega afirmou que o primeiro-ministro “quis negociar com o Chega”.

“O primeiro-ministro negociou com o Chega, quis negociar com o Chega”, disse Ventura. “Frente a frente com o primeiro-ministro, o mesmo primeiro-ministro que foi à televisão dizer que nós não somos confiáveis (…) propôs-nos um acordo para este ano.”

André Ventura disse que o acordo proposto pelo Governo previa a aprovação do Orçamento do Estado para 2025 por parte do Chega, que recebia a garantia de integrar o Governo mais tarde.

“Sabe porque é que esse acordo não foi aceite? Porque nós temos palavra. Eu disse desde o início que ou havia um acordo a quatro anos (…) ou nós não aceitaríamos. O mesmo primeiro-ministro que estava disposto a que, mais para a frente, o Chega viesse a integrar o Governo.”

Questionado sobre o porquê de revelar as conversas privadas, o líder do Chega referiu que “não aceita que Portugal tenha um primeiro-ministro que venha dizer uma coisa para espezinhar o partido que eu represento e, ao mesmo tempo, tente fazer o jogo duplo com o PS e com o Chega para viabilizar um Governo que ele, em 2025, sabe que não pode cair por causa das eleições presidenciais”.

Ainda assim, apesar de isto tudo, disse Ventura, o Chega disponibilizou-se a viabilizar o Orçamento. “Dissemos ao Governo ‘mudem este Orçamento e nós tudo faremos para evitar uma crise política’. Andámos oito anos a lutar para varrer o socialismo do poder, e vamos pôr-nos nas mãos de um Orçamento socialista? Isto cabe na cabeça de alguém?”, questionou.

“O Governo escolheu dois parceiros. Escolheu o preferencial público e o preferencial privado”, rematou.

Pouco depois destas afirmações, Luís Montenegro recorreu ao X para desmentir as afirmações de Ventura.

“Nunca o Governo propôs um acordo ao Chega. O que acaba de ser dito pelo Presidente desse partido é simplesmente MENTIRA. É grave mas não passa de Mentira e Desespero”, escreveu o primeiro-ministro.

Questionado sobre se está disposto a ir a eleições, André Ventura disse que “nunca” na sua vida vai tomar uma decisão política importante para si, “para o partido e para Portugal a pensar nas eleições”.

“Que se lixem as eleições”, afirmou, admitindo que a bancada parlamentar do Chega se dividiu quanto à viabilização do Orçamento.

Ventura falou depois de uma das grandes bandeiras do partido, a imigração, e citou Pedro Passos Coelho ao dizer que “é evidente que hoje há uma perceção pública que está exaltada e perturbada com este aumento de imigração em relação à segurança”.

No entanto, rejeitou ter feito em momento algum uma relação entre imigração e criminalidade.

“Quando eu ou o Chega colocam nas redes sociais que pessoas de etnia cigana, brasileiros ou nepaleses cometem crimes, isso é um facto que está lá, eu não estou a dizer que só eles é que cometem crimes”, argumentou Ventura.

O líder do Chega prometeu ainda trazer para as autárquicas de 2025 a bandeira da imigração, e admitiu que é “provável” que as listas do seu partido integrem ex-autarcas de outras forças políticas.

Sobre as presidenciais, Ventura diz um redondo “não” a Marques Mendes, por ser um político que representa o “centrão dos interesses” e estar mais próximo do PS. Por oposição, o almirante Gouveia e Melo e Pedro Passos Coelho têm perfis que agradam a Ventura.

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