Terça-feira, Setembro 24

Embora os ursos sejam uma espécie protegida na Islândia e seja proibido matá-los no mar, eles podem ser mortos se representarem uma ameaça para humanos ou gado

Um urso polar que foi avistado perto de uma cabana numa aldeia remota na Islândia foi abatido pela polícia após ser considerado uma ameaça, assumiram as autoridades.

O urso foi morto na quinta-feira à tarde, no noroeste da Islândia, depois de a polícia ter consultado a Agência do Ambiente, que recusou a possibilidade de deslocar o animal, disse o chefe da polícia de Westfjords, Helgi Jensson, à Associated Press.

“Não é algo que gostemos de fazer”, afirmou Jensson. “Neste caso, como se pode ver na foto, o urso estava muito perto de uma casa de verão. Havia uma mulher idosa lá dentro.”

A proprietária, que estava sozinha, ficou assustada e trancou-se no andar de cima enquanto o urso vasculhava o seu lixo, explicou Jensson. Ela contactou a filha em Reiquiavique, a capital do país, através de uma ligação por satélite, e pediu ajuda.

“Ela estava lá”, continuou Jensson, acrescentando que os outros residentes de verão da área já tinham regressado a casa. “Ela sabia do perigo.”

Os ursos polares não são nativos da Islândia, mas ocasionalmente chegam à costa depois de viajarem em blocos de gelo da Gronelândia, de acordo com Anna Sveinsdóttir, diretora das coleções científicas do Instituto Islandês de História Natural. Muitos icebergues foram avistados na costa norte nas últimas semanas.

Embora os ataques de ursos polares a humanos sejam extremamente raros, um estudo divulgado no Wildlife Society Bulletin em 2017 afirmou que a perda de gelo marinho devido ao aquecimento global tem levado mais ursos famintos para terra, aumentando as hipóteses de conflitos com humanos e o risco para ambos.

Dos 73 ataques documentados de ursos polares entre 1870 e 2014 no Canadá, Gronelândia, Noruega, Rússia e Estados Unidos — que mataram 20 pessoas e feriram 63 —, 15 ocorreram nos últimos cinco anos deste período.

O urso abatido na quinta-feira foi o primeiro avistado no país desde 2016. Avistamentos são relativamente raros, com apenas 600 registados na Islândia desde o século IX.

Embora os ursos sejam uma espécie protegida na Islândia e seja proibido matá-los no mar, eles podem ser mortos se representarem uma ameaça para humanos ou gado.

Após a chegada de dois ursos em 2008, um debate sobre a morte da espécie ameaçada levou o ministro do ambiente a nomear uma taskforce para estudar o assunto. A taskforce concluiu que a morte de ursos errantes era a resposta mais apropriada.

Segundo o instituto, a espécie não nativa representa uma ameaça para pessoas e animais, e o custo de devolvê-los à Gronelândia, a cerca de 300 quilómetros de distância, era exorbitante. Também concluiu que havia uma população saudável de ursos no leste da Gronelândia, de onde qualquer urso provavelmente teria vindo.

O jovem urso, que pesava entre 150 e 200 quilos, será agora estudado pelo instituto. Os cientistas irão agora verificar a presença de parasitas e infeções e avaliar o seu estado físico, como a saúde dos seus órgãos e a percentagem de gordura corporal, explicou Sveinsdóttir. A pele e o crânio poderão ser preservados para a coleção do instituto.

Um helicóptero da Guarda Costeira inspecionou a área onde o urso foi encontrado para procurar outros, mas não encontrou mais nenhum.

Depois de o urso abatido ter sido levado, a mulher que o reportou decidiu permanecer mais tempo na aldeia.

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