Morte de Odair Moniz desencadeou uma onda de violentos desacatos
A noite era de festa mas terminou em tragédia. Por volta das 05:40 de segunda-feira Odair Moniz, de 43 anos, saía do Bairro Alto da Cova da Moura ao volante de uma viatura. Ter-se-à apercebido de um carro patrulha da Polícia de Segurança Pública (PSP) a passar junto ao local e iniciou fuga novamente para o interior do bairro. Estranhando o comportamento do condutor os polícias deram início a uma perseguição policial que acabou com o despiste do carro conduzido pelo suspeito – que abalroou várias viaturas estacionadas.
A vítima ficou com o carro imobilizado e durante a abordagem dos elementos policiais a situação saiu fora de controlo. A PSP alega que o homem estaria munido com uma arma branca e que não só resistiu à detenção como terá tentado ferir os policias.
Os agentes terão então disparado quatro tiros para impedir as agressões, dois deles para o ar como forma de travar o suspeito e os outros dois na direção de Odair, que acabou atingido por uma das balas na zona do peito, perto da axila.
A vitima foi transportada de urgência para o hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, mas não resistiu aos graves ferimentos e morreu pouco depois na unidade hospitalar. Imagens a que a CNN Portugal teve acesso mostram a tentativa de reanimação por parte dos agentes da PSP em plena rua do bairro.
A PSP endereçou as condolências à família de Odair e, no bairro do Zambujal, familiares e amigos juntaram-se na despedida à vítima. Mas a notícia da morte desencadeou uma onda de violentos desacatos.
A noite de violência levou mesmo a PSP a reforçar o policiamento no Bairro do Zambujal, com o Corpo de Intervenção e Equipas de Intervenção Rápida a serem enviados para o local.
Ao que a CNN Portugal apurou no local, vários contentores do lixo foram incendiados, as equipas das forças de segurança apedrejadas, assim como um autocarro da Carris que circulava no bairro onde vivia Odair Moniz.
Para além disso, um grupo com cerca de 40 elementos de cara tapada espalharam combustível por várias zonas do bairro e as estradas foram cortadas, com a PSP a ser obrigada a fazer disparos para dispersar a multidão.
Os vídeos divulgados nas redes sociais mostram não só os fogos espalhados pelo bairro – e que levaram à intervenção dos bombeiros – como a violência dos confrontos, com a polícia a disparar por várias vezes.
Esta terça-feira de manhã, a PSP mantém os meios no local e funcionários da autarquia estão no Bairro do Zambujal para limpar os destroços da noite.
“Continuamos a acompanhar e a monitorizar todos os acontecimentos, sempre com o objetivo de acalmia de toda a situação e proteção dos moradores do bairro”, indicou fonte da PSP, acrescentando não ter conhecimento de feridos entre moradores e agentes.
A Policia Judiciária investiga agora a atuação da PSP, assim como a IGAI que já fez saber que abriu um inquérito com caráter de urgência. Também a ministra da Administração Interna determinou a abertura de inquérito urgente para apurar as circunstâncias da morte na Cova da Moura.
