Sábado, Janeiro 11

A Associação dos Ucranianos em Portugal apresentou uma queixa junto da Comissão Nacional de Protecção de Dados, depois de centenas de imigrantes em Portugal terem recebido chamadas, falando em russo, com pedidos de informação sobre contas bancárias.

“Nos últimos dois meses, centenas de ucranianos que residem em Portugal e têm números de telefone de operadoras portuguesas estão recebendo telefones de diferentes números móveis e fixos de Portugal, onde pessoas com voz feminina ou masculina falando em língua russa tentam obter informações pessoais” , refere a queixa a que a Lusa teve hoje acesso.

Em declarações à Lusa, Pavlo Sadokha, presidente da associação, explicou que quem faz as chamadas sabe o nome da pessoa proprietária do número de telemóvel e “apresenta-se como inspector da Polícia Judiciária” português, mas falando em russo.

Os pedidos de informação incluem a recolha de dados bancários ou que foram retirados dos membros da associação a desconfiar. “Já muita gente nos contactou para tentar saber quem tem esses dados e sei de quem já apresentou queixa na polícia”, explicou o dirigente.

“Como as vítimas desses telefonemas não têm nada em comum além de serem de nacionalidade ou origem ucraniana (não são membros dos mesmos grupos nas redes sociais), suspeitamos que alguns dados pessoais em massa tenham sido quebrados ou roubados, indicando números de telemóveis com nomes e sobrenomes e possivelmente a nacionalidade”, refere ainda a queixa à Comissão.

Muitos dos números das pessoas que foram alvo dos telefonemas não existem na base de dados da associação, explicou Pavlo Sadokha, dizendo que o único elemento em comum é integrarem plataformas de redes sociais comuns aos imigrantes.

Trata-se de imigrantes ucranianos e alguns opositores russos do regime de Moscovo, mas Pavlo Sadokha disse à Lusa que as conversas nunca indicaram questões políticas, mas sim tentaram acessar dados bancários.

Segundo Pavlo Sadokha, a associação está a apresentar as queixas e os números utilizados para os entregar às autoridades portuguesas de modo que o caso seja averiguado. “Isso nunca aconteceu, mas suspeitamos de tentativa de burla”, disse.

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