Quarta-feira, Outubro 16

Enquanto o procurador do distrito de Los Angeles analisa novas provas que poderão libertar Lyle e Erik Menendez da prisão após mais de 30 anos, espera-se que cerca de duas dúzias de familiares falem em seu nome numa conferência de imprensa na quarta-feira.

Em 1996, os irmãos Menendez foram condenados e sentenciados a prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional pelos assassínios dos seus pais, Jose e Kitty, na casa onde viviam em Beverly Hills.

Embora nunca tenham negado que mataram os pais, os dois homens afirmaram durante o julgamento que agiram em legítima defesa e que sofreram anos de abusos físicos e sexuais por parte do pai.

Os advogados dos irmãos também argumentaram que o juiz que supervisionou o caso de 1996 não permitiu que muitas das provas de abuso apresentadas pela defesa fossem fornecidas ao júri.

Em 2023, os advogados que representam os irmãos Menendez apresentaram uma petição que argumentava que deveriam receber uma redução de pena com base em novas alegações que falam sobre o suposto padrão de abuso sexual de Jose Menendez e uma carta que Erik Menendez escreveu a um primo que alude ao abuso que sofreu.

E poderão ter essa oportunidade em breve, uma vez que o procurador-distrital de Los Angeles, George Gascón, está a ponderar a possibilidade de voltar a julgar os irmãos com base nas provas apresentadas na petição de 2023. No início deste mês, anunciou que não há dúvidas de que os irmãos cometeram os crimes, mas que o seu gabinete está a analisar as provas.

Numa entrevista à ABC que foi para o ar na quarta-feira, a prima de Erik e Lyle, Karen Vander MolenCopley, disse que se lembra de ter notado que o comportamento dos rapazes mudou ao longo dos anos.

“Quando eram mais novos, via-se que eram duas crianças animadas, rapazes que foram ficando cada vez mais tristes ao longo dos anos”, contou MolenCopley.

Depois de mais de 30 anos na prisão, MolenCopley, que está entre os presentes na conferência de imprensa, disse que agora sente que Lyle e Erik devem ser libertados e autorizados a voltar para casa e estar com a família.

“Seria a melhor prenda de aniversário para dar à minha mãe… seria ter os sobrinhos em casa com ela no dia do seu aniversário, no Dia de Ação de Graças”, acrescentou.

No domingo, Gascón publicou uma imagem nas redes sociais da carta manuscrita, sem data, que os advogados de Menendez apresentaram como parte da sua petição.

Na carta, Erik Menendez escreveu: “Tenho estado a tentar evitar o pai. Ainda está a acontecer Andy, mas agora é pior para mim”.

E continuou: “Nunca sei quando é que vai acontecer e estou a dar comigo em doido. Todas as noites fico acordado a pensar que ele pode vir cá. Preciso de tirar isso da minha cabeça.

“Eu sei o que disseste antes, mas tenho medo. Tu não conheces o pai como eu. Ele é louco!”, pode ainda ler-se.

A imagem da carta, que é do domínio público, foi entretanto apagada das contas de Gascón nas redes sociais – mas o procurador-geral abordou o seu potencial significado numa entrevista à ABC.

A carta “tem tudo que ver com o abuso, que foi a pedra angular da defesa deles”, admitiu Gascón, dizendo à ABC que o seu gabinete deve tomar uma decisão sobre a sentença dos irmãos Menendez ainda este mês.

O caso ressurgiu após o lançamento, no mês passado, da série da Netflix, “Monsters: A história de Lyle e Erik Menendez”. A Netflix também lançou este mês um documentário sobre o caso Menendez, no qual os dois homens discutem o que levou aos assassínios.

Loni Coombs, antiga procuradora do condado de Los Angeles, disse a Jim Acosta, da CNN, na terça-feira, que Gascón afirmou publicamente que o documentário gerou muitos telefonemas para o seu gabinete sobre novas provas no caso.

“A moção sobre as novas provas estava na sua secretária há mais de um ano, mas só depois de todas as atenções e dos holofotes terem surgido com este documentário é que ele se manifestou e disse: ‘Vou ver isto’”, afirmou.

A sociedade mudou a forma como encara o abuso sexual contra rapazes, garantiu a antiga procuradora.

“Compreendemo-lo melhor. Compreendemos a dinâmica da situação, que por vezes leva anos até que as vítimas consigam falar sobre o trauma”, acrescentou.

Coombs descreveu o momento da decisão do promotor público de rever o caso como “uma tempestade perfeita”, observando que Gascón já condenou novamente 300 pessoas no condado no ano passado.

A CNN entrou em contacto com Gascón para comentar o assunto, mas não obteve resposta.

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