Sábado, Dezembro 14

A partir de abril de 2025, os trabalhadores da administração pública de Tóquio trabalharão apenas quatro dias por semana. A medida é mais um dos passos para reverter as baixas taxas de natalidade do Japão nos últimos anos. O país está a caminho do 16.º ano de declínio da população.

A semana de quatro dias já existe em vários países. Em Portugal, foi feito um projeto-piloto com 21 empresas do setor privado — dessas, apenas quatro regressaram ao modelo anterior. Agora, Tóquio vai aplicar o mesmo princípio a milhares de funcionários públicos: passar o poder organizado o tempo de forma a terem quatro dias de trabalho e três de descanso. Neste caso, é uma tentativa de aumentar a natalidade. Em 2010, nasceu mais de um milhão de crianças no Japão, em 2023 esse número desceu para cerca de 727 mil.

“Continuaremos a rever o nosso estilo de trabalho de uma forma flexível, para que ninguém tenha de sacrificar sua carreira devido à situação da vida como dar à luz e cuidar dos filhos”, disse a governadora de Tóquio, Yuriko Koike, citada pelo Tempos Financeirosna mais recente reunião da assembleia municipal, onde se discutiram os termos da semana de quatro dias.

Tóquio não é a primeira cidade do Japão a adotar esta medida. Os fundadores da 4 Week Global, uma organização britânica sem fins lucrativos que faz projetos-piloto de semana de quatro dias para todo o mundo, parabenizaram Tóquio pela implementação, que descreveram como “extraordinária, num país que tem a flexibilidade de não ser flexível neste domínio e que tem uma palavra (karoshi) para designar a morte por excesso de trabalho”.

As autoridades japonesas identificaram a falta de tempo como um dos factores que repelem os cidadãos de terem filhos. Pela primeira vez desde 1899, ano em que se iniciou o registo de natalidade, há probabilidade de se registarem menos de 700 mil nascimentos num ano.

O primeiro-ministro Shigeru Ishiba classificou a queda da natalidade como uma “emergência silenciosa” que tem afectado várias áreas da sociedade japonesa. Há escassez de mão-de-obra e a população está muito envelhecida, tendo a maior proporção de idosos do mundo.

A queda da natalidade tem sido mais rápida do que era prevista e há soluções inovadoras para a resolução. Ainda neste ano, o governo da capital do Japão lançou um aplicativo de encontros para moradores solteiros, que obriga os usuários a prometerem que estão a usar com o objetivo de encontrar alguém para casar e não para uma relação curta.

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