Quinta-feira, Setembro 12

Em entrevista à agência Lusa a propósito dos 25 anos do referendo que levou à independência de Timor-Leste, em 30 de agosto, o líder da Fretilin referiu que o mais importante é o país definir o que quer da Associação das Nações do Sudeste Asiático  (ASEAN).

 

Mari Alkatiri defendeu que a organização regional deve ser “uma das plataformas da globalização de Timor-Leste” e que o país integrado na ASEAN “podia desempenhar um papel crucial na relação com a CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa]”.

“Nós somos um país pequeno, mas somos um país privilegiado em termos de geopolítica e isto deve ser entendido não só politicamente, mas deve ser fundamentalmente entendido também económica e financeiramente, comercialmente”, referiu.

O líder da Fretilin considerou que é necessário ter “esta visão globalizada”, mas que para isso é preciso “desenvolver infraestruturas”: “Quando se é membro da ASEAN há muitas reuniões que têm de ser feitas aqui, qual é o hotel que pode albergar uma reunião dessas? Nenhum”, disse.

“Quer queiramos quer não, o objetivo de aderirmos à ASEAN é meritório, mas temos de estar preparados, mas agora dizermos que não precisamos da ASEAN não aceito. Com a ASEAN ou sem a ASEAN, economicamente temos de nos relacionar com eles, sendo membros ou não, e sendo membros temos essas regras do jogo mais claras”, referiu.

Sem essas regras, defendeu, “é tudo selvagem”, o que faz com que Timor-Leste esteja a ser “palco de tráficos de muitas categorias”.

O líder do principal partido da oposição deu como exemplo a recente apreensão de 42 milhões de dólares roubados através de email fraudulento e que foram depositados numa conta bancária em Timor-Leste.

“Como é que há um banco central que consegue saber exatamente quanto dinheiro é que entra em qualquer banco em Timor-Leste e não conseguiu detetar que um certo banco tinha recebido 40 e tal milhões de dólares de outro destino. Se não fosse a Interpol a avisar-nos, a esta hora já tinham esvaziado o dinheiro”, disse.

Timor-Leste foi admitido na ASEAN por unanimidade pelos 10 Estados-membros em novembro de 2022, mas ainda com estatuto de observador e sem poder de veto.

Em maio de 2023, a organização aprovou um roteiro, em conjunto com Timor-Leste, para a adesão total, prevista para 2025, que inclui a preparação de recursos humanos, construção de infraestruturas e a adoção de acordos da organização.

O secretário-geral da ASEAN, Kao Kim Hourn, reafirmou em abril o compromisso de trabalhar com Timor-Leste para que o país se possa tornar membro pleno num futuro próximo.

“Queremos trabalhar com Timor-Leste em diferentes níveis para finalizar a adesão o mais rapidamente possível”, afirmou, após um encontro com o Presidente timorense, José Ramos-Horta, durante a visita oficial que realizou ao país.

A ASEAN foi fundada 1967 para promover a cooperação económica, política, social e cultural e garantir a estabilidade e o desenvolvimento da região.

Os Estados-membros são o Brunei, Camboja, Indonésia, Laos, Malásia, Myanmar, Filipinas, Singapura, Tailândia e Vietname, o último país a juntar-se à organização, em 1995.

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