Segunda-feira, Dezembro 23

Em Barcelos, no 0-0 frente ao Gil Vicente, o Sporting teve 45 minutos de pouca mobilidade, poucas soluções e pouca capacidade de criar perigo. Ao intervalo, João Pereira foi sagaz a resolver um par de problemas, mas isso não foi suficiente – os longos minutos “oferecidos” fizeram falta numa fase em que a equipa estava bem melhor, mas com pouco tempo.

E o valor de 1,19 golos esperados (métrica que mede a probabilidade de sucesso das finalizações) visto neste domingo não é, em todo o caso, um número que impressiona, mesmo com a melhoria após o intervalo.

Com este resultado, o Sporting regressa, ainda assim, à liderança da I Liga, igualando os 37 pontos do FC Porto. Fica, agora, à mercê do Benfica, que joga nesta segunda-feira.

Jogo de pares

O Gil Vicente liderou este jogo um 4x3x3 que era quase sempre um 5x2x3, porque Gbane, sem bola, jogava sempre entre os centrais, bem atento a Gyökeres.

A equipe minhota não fez propriamente uma marcação homem a homem a campo inteiro, mas havia claro apreço pelas referências individuais, até pelo jogo de pares ser fácil de encaixar entre o 5x2x3 e o 3x4x3 “leonino”.


O Sporting foi bastante incapaz de criar futebol ofensivo, em boa parte porque houve muita pouca movimentação dos jogadores – e ainda não há muitas formas mais eficazes de desmontar referências individuais do que alteram essas referências.

Os centrais do Gil tinham ordem para “abrir” Trincão, Harder e Gyökeres quando alguns dos atacantes pedia bola em apoio, bem como os laterais para cair em Quenda e Maxi.

O Sporting não tinha, assim, grandes vias de saída, a não ser que promovesse alterações posicionais que obrigasse os jogadores do Gil a fazerem escolhas – manterem o seu jogador ou terem de coordenar-se com colegas em trocas defensivas.

Gyökeres adornado

O Gil entusiasmou-se um par de vezes na pressão mais alta e numa delas, aos 17′, essa descida permitiu a Gyökeres pedir a bola no espaço e criar perigo com um remate ao lado. O Sporting ainda teve mais um lance interessante, numa das raras graças em que rodou a bola rapidamente de um lado ao outro, mas foi curto.

João Simões também não estava a facilitar o jogo “leonino” – por diversos passes falhados, mas também pela incapacidade de aparecer uns metros mais à frente, obrigando os adversários centrais a comprometerem-se com o transportador da bola.

Também a falta de um pé esquerdo na construção pareceu ter “empenado” um pouco as possibilidades de passagens verticais.

Matheus Reis ajudou

João Pereira não viu o primeiro problema como prioridade, mas achou isso do segundo – e lançou Matheus Reis ao intervalo, com a ideia de que mexer na defesa pode ajudar a mexer no ataque.

Além dessa nova via de saída com Matheus Reis – e com Debast mais confortável à direita –, o Sporting surgiu com uma dinâmica que parecia faltar. Gyökeres saiu muito mais da posição na zona central e Harder fez o mesmo na esquerda, arrastando defensores para fora das suas zonas.

Isso criou lances de perigo com Gbane menos confortável contra Gyökeres, que criou um trio de lances na meia-direita, depois de meio jogo parado na zona central, e com Harder a cabecear na zona central, área por onde ainda não tinha passado.

Aos 78′, essa predisposição para os jogadores surgirem noutras zonas deu um penálti assinalado sobre Debast, quando o belga surgiu como um extremo na área – decisão revertida com ajuda do VAR.

Nessa fase, Catamo também já esteve em campo a fazer bem mais do que Quenda, mas não foi suficiente e o Sporting de João Pereira voltou a tropeçar. E, desta vez, pode causar danos com a perda da liderança da I Liga.

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