Quinta-feira, Outubro 17

Os filmes, integrados no projeto “Tradições da Sertã”, resultam da parceria entre aquele município do distrito de Castelo Branco e a Memória Média: e-Museu do Património Cultural Imaterial, que assume a produção dos documentários dedicados a três produtos com grande tradição no concelho.

 

“As manifestações de património cultural imaterial da região são muitas. É, de facto, um concelho riquíssimo em tradições culturais ainda tão vivas. Entre uma lista que elaborámos, elegemos três para começar”, explicou à agência Lusa José Barbieri, realizador dos filmes e responsável pelo projeto.

Enquanto as bonecas de Palhais e os coscoréis são iguarias fortemente ligadas à identidade da Sertã, o medronho revelou-se “uma realidade mais complexa”, assumiu Barbieri.

“Nas bonecas de Palhais e nos coscoréis estivemos com as pessoas que ainda os fazem e que nos ensinaram e falaram das origens, de onde o conhecimento lhes chegou às mãos, normalmente por via familiar. E fizeram connosco, ali à nossa frente, a receita”, descreveu.

Já no que toca ao medronho, a história que o documentário conta vai além da tradicional aguardente.

“O medronho começou a ganhar outras mais-valias como, por exemplo, ser um excelente corta-fogos, e reparámos que, a partir daí, houve uma série de agricultores que se lembraram do medronho e começaram a fazer uma coisa pela primeira vez, a partir do princípio deste século: a plantar medronhos, a fazer pomares de medronhos”.

Tradicionalmente selvagens, os medronheiros deixaram de ser vistos apenas como produtores de fruto a partir do qual se faz aguardente.

“Há uma nova geração que quer mais do que fazer aguardente, quer experimentar outras coisas para criar valor”.

Na Sertã, José Barbieri e a equipa da Memória Média descobriram “uma fileira de produção [nacional] que, tanto quanto se sabe, é única”.

“Apesar de o medronho existir um pouco a toda a volta do Mediterrâneo, é em Portugal que se está a tentar, pela primeira vez, criar uma fileira económica de valorização do medronho”, realidade refletida no documentário, em que se que fala de pão de medronho, bolos com adição de medronho, “e até kombucha com medronho”.

O realizador destacou “toda uma renovação” em torno do medronho, que o documentário mostra.

“É muito bonito ver uma tradição a adaptar-se ao seu tempo e a continuar a criar mais valias, também económicas, que são absolutamente essenciais para as pessoas se manterem na região e até para atrair novas pessoas”, considerou José Barbieri.

O presidente da Câmara, Carlos Miranda, destacou a relevância dos documentários criados para “Tradições da Sertã”.

A concretização dos filmes “reveste-se de elevada importância, para perpetuar no tempo a história e a cultura locais, contribuindo para a sua transmissão às gerações mais novas e vindouras”, defendeu o autarca, em nota divulgada pelo município.

As três produções, além de “uma excelente inventariação de tradições que fazem parte da história”, são também “uma forma de incentivar à reflexão e à criatividade, no sentido de introduzir inovações, descobrindo novas formas de fazer e novas aplicações”.

A apresentação acontece a partir das 18:00 de sábado, na Casa da Cultura da Sertã, com entrada livre e conversa no final entre os realizadores, os participantes e o público. Nesse dia, os documentários ficam também disponíveis ‘online’ na página memoriamedia.pt.

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