Sexta-feira, Janeiro 10

Pedro Santana Lopes está fora da corrida a Belém, e anunciou esta semana a sua recandidatura à Câmara da Figueira da Foz, como independente, mas desta vez com o alegado apoio do PSD. Em declarações ao PÚBLICO, o antigo líder do partido lamenta que a escolha mais provável para os presidenciais seja o nome de Luís Marques Mendes. “Acho que ele vai fazer aquilo ‘benzinho’. Ele é metódico, é organizado, é um homem inteligente. Mas pelo que ouço toda a gente a dizer – não sou eu – não é uma pessoa que desperte o mínimo de entusiasmo nas pessoas”, afirmou.

“Habitualmente as pessoas dizem abertamente em quem vota. Ainda não ouvi uma pessoa a dizer ‘eu voto Marques Mendes’”, sublinha o ex-líder do partido. “O que já ouvi várias pessoas dizerem, e pessoas do partido, é ‘eu nele não voto.’”

Por esta altura, Santana Lopes já não acredita que “Passos Coelho volte atrás e se candidato”, tão-pouco “que Paulo Portas avançou”. O antigo primeiro-ministro lamenta que as sondagens não o valorizem, ao ponto de poder ser uma hipótese plausível dentro do PSD: “não sou hipócrita, nem digo essas coisas que se dizem por aí, de que ‘é uma honra estar livre’. Acho mesmo que é uma honra tão grande [ser candidato a Presidente da República] – como disse o Dr. Durão Barroso – mas pelos vistos tanto eu como ele temos fraca cotação nas sondagens. E comparando, por exemplo, com o currículo do dr. Marques Mendes, não há comparação… Mas a vida é assim, e a política é assim. Não há que carpir mágoas”, conclui.

Confrontado pelo PÚBLICO com estas declarações, Luís Marques Mendes prefere não comentar. O comentarista televisivo – que remeteu para este ano a decisão sobre se será ou não candidato a Belém – continua a alimentar esse tabu, argumentando que “ainda não é o tempo”. Para já, o tempo é o de participar em eventos do partido. É o caso do Encontro das Autarcas Social-Democratas (ASD), que acontece este sábado, em Ovar, e onde também estará o líder do PSD e primeiro-ministro, Luís Montenegro.

A presença de Marques Mendes – que fará uma intervenção antes da sessão de encerramento, sob o tema ‘Governança Local e Ética: Construindo Pontes de Confiança com os Cidadãos’ – é apontada com naturalidade por parte da organização. Em declarações à agência Lusa, o presidente da ASD, Pedro Pimpão, justifica a presença de Marques Mendes com o facto de o comentador já ter sido líder do partido, “com responsabilidade na preparação de autárquicas”, o tema que dominará o encontro. De resto, Pimpão – que preside à Câmara de Pombal e prepara a recandidatura – chamou Marques Mendes para escrever o prefácio de um livro que acaba de lançar, e cuja apresentação decorrerá no sábado seguinte, dia 18, com a presença do antigo líder, na cidade onde se tornou presidente do partido, no congresso de abril de 2005.

O encontro deste sábado contará também com uma intervenção de Manuel Castro Almeida, ministro Adjunto e da Coesão Territorial. Foi ele, de resto, quem veio a público mais recentemente afirmou que Luís Marques Mendes “vai ser candidato, mesmo que não o anuncie agora”. Numa entrevista ao seminário Solo governante lembrou que o comentarista “encaixa na perfeição nos critérios definidos na moção de estratégia que o líder do partido fez aprovar no Congresso”. O próprio Luís Montenegro, que sobre Marques Mendes já disse encaixar no perfil que o PSD pretende apoiar, fará uma intervenção na sessão de encerramento do encontro em Ovar.

Numa das últimas sondagens sobre presidenciais, em Dezembro último, o nome de Marques Mendes surgia apenas em terceiro lugar, com menos de 10 por cento das intenções de voto. O estudo da Intercampus colocou o almirante Gouveia em Melo em primeiro lugar (23,2%), seguido de Pedro Passos Coelho (13,9%) e só depois Luís Marques Mendes (9,8%). Já esta sexta-feira, uma sondagem da Pitagórica para a TSF-JN-O Jogo-TVI-CNN Portugal, coloca Marques Mendes em sexto lugar nas preferências dos inquiridos, atrás de Gouveia e Melo, António Guterres, Mário Centeno, Pedro Passos Coelho e António Costa.

Apesar de “afastado” pelas sondagens, e do afastamento do próprio partido durante anos, Pedro Santana Lopes continua a gozar de popularidade entre os militantes sociais-democratas, como mostrou o momento em que entrou na sala do último congresso, em Braga, a 10 de outubro passado. Na altura, foi amplamente aplaudido. O mesmo não aconteceu com Marques Mendes.

Compartilhar
Exit mobile version