O Natal está aí à porta e ultimam-se os preparativos para uma das principais festividades do ano. Se você sente que está gastando mais dinheiro no supermercado é ano de preparar uma mesa de consoada com lista de compras idênticas, não é só impressão sua. O preço do cabaz de Natal formado por 16 produtos essenciais pode ultrapassar em 2024 os 52 euros, uma subida de 4% face ao valor registado em Dezembro de 2023. O bacalhau é uma das principais razões para esta subida, com um aumento de preço por quilo de 18% foi registrado em dezembro de 2023. A guerra na Ucrânia é o principal motivo.
“O preço do bacalhau é grandemente influenciado pelas avaliações económicas impostas pela União Europeia à Rússia. Há um mecanismo europeu de abastecimento que permite às empresas de diversos setores abastecer-se de materiais-primas fora do Espaço Europeu quando não há em quantidade suficiente. Isso existe para certos produtos da pesca incluindo para o bacalhau”, começa por dizer Paulo Mónica, secretário-geral da Associação dos Industriais do Bacalhau (AIB).
A Rússia divide com a Noruega o mar de Barents, com muito do bacalhau consumido em Portugal comprado aos russos. Noruega e Islândia completaram o principal 3.
As aplicações aos investidores obrigam as empresas ao pagamento de uma taxa de 12% em direitos aduaneiros, aumentando os custos para as empresas importadoras. Algo que se reflete depois na factura paga pelos consumidores no momento da compra.
“Já fizemos essas preocupações ao Governo. Tem de tentar entender junto com Bruxelas que essas medidas estão a penalizar a indústria europeia e não a Rússia, que receberá o mesmo dinheiro [pelo produto exportado]”, prossegue o responsável da AIB.
Na primeira semana de Dezembro, um quilo deste peixe custa 14,38 euros, mais 2,20 euros do que há um ano. O alimento que há décadas é uma das principais tradições associadas à quadra natalícia corre o risco de se já ter tornado um produto de luxo, uma preocupação para a indústria. O aumento de custo dos transportes e eletricidade é indicado para o aumento do preço.
“Se compararmos com os períodos anteriores à pandemia, os transportes são bastante mais caros”, avalia Paulo Mónica. Apesar de ter registado uma quebra de consumo nos últimos dois anos, a tradição de ter bacalhau na mesa da consoada ainda se mantém forte, com estratégias para debelar os custos. “Ainda assim, os consumidores preferem os tamanhos grandes e acabam por fazer um esforço para chegar a essas bacalhaus de 20 a 30 euros o quilo. Nem toda a gente conseguirá, mas comprar lombos ou um peixe mais pequeno. [O bacalhau] é uma tradição”, refere.
Os associados da AIB representam mais de 80% da produção industrial de bacalhau em Portugal, totalizando um volume de negócio anual de 500 milhões de euros.
A par do bacalhau, vários outros produtos do cabaz de Natal registaram uma subida de preço. Quando em comparação com o período homólogo de 2023, a tablete de chocolate para fins culinários aumentou 44%, com o preço a fixar-se no início de Dezembro em 2,86 euros – 1,86 euros no final de 2023.