O sistema imunitário, que tradicionalmente associamos ao combate às infeções, afinal parece ter um papel importante também na regulação do metabolismo e gestão da gordura. Um estudo recente mostra que, comer e dormir fora das horas habituais, leva a uma desordem do sistema imunitário que favorece doenças como o fígado gordo, a obesidade, diabetes e até alguns cancros.
Imagine uma orquestra com músicos a tocar em tempos diferentes, incapazes de seguir as indicações do maestro. O som desafinado pode ser comparado à desafinação que se gera no sistema imunitário sempre que comemos e dormimos fora de horas.
“Há células do sistema imunitário que conseguem dar instruções ao nosso tecido gordo para processar os hidratos de carbono, que nós conseguimos obter na nossa alimentação”, explica Henrique Veiga Fernandes, Imunofisiologista.
Um novo estudo que envolve investigadores da Fundação Champalimaud, veio demonstrar que o sistema imunitário é essencial para o armazenamento da energia que o corpo precisa para os momentos de maior atividade. São as células imunitárias que ajudam a transformar os hidratos de carbono em gordura.
Quando mudamos com frequência as horas do sono e das refeições, o sistema imunitário fica confuso. Continua a trabalhar, mas desfasado do resto do organismo. Uma espécie de músico afinado, mas fora do tempo da restante orquestra.
Os hidratos de carbono que encontramos no pão, na massa ou no arroz, por exemplo, deixam de ser transformados em reservas de energia, à qual o corpo recorre para períodos de maior atividade. Passam a ser um problema para o organismo porque se instalam em zonas onde vão gerar doenças, resultando em fígado gordo, obesidade ou diabetes tipo II.
O estudo prova que somos um animal de hábitos e a constante alteração do relógio biológico pode levar o corpo a adoecer.
A investigação da Fundação Champalimaud, feita a várias mãos com vários investigadores internacionais, veio também revelar que, afinal, o sistema imunitário que, normalmente, associamos apenas ao combate às infeções, é afinal essencial para a regulação do nosso metabolismo.