Quarta-feira, Outubro 9

“Encarar cautelosamente” estas chamadas telefónicas é o primeiro passo

O esquema está montado ao ponto de parecer credível: a chamada é feita por um número português e é apresentado o nome de quem atende e até o seu contacto de e-mail, como se quem está do outro lado fosse alguém creditado. A primeira suspeita surge no idioma: quem liga, fala em inglês com um sotaque da região do subcontinente indiano. A segunda no propósito da conversa: quem telefona diz que quem atende tem milhares de euros em criptomoedas que podem ser reclamados com a abertura de uma conta visual na qual tem de depositar algumas centenas de euros.

O Gabinete Cibercrime da Procuradoria-Geral da República (PGR) alerta para um número muitíssimo expressivo de tentativas de burla telefónica e até de chamadas “mudas”, nas quais há um silêncio por parte de quem liga, apenas com o propósito de validar o número para futuras tentativas de burla, seja por chamada ou SMS.

Contactada pela CNN Portugal sobre o que fazer nestes casos, a Procuradoria-Geral da República remeteu para um alerta sobre este fenómeno e o primeiro conselho é “encarar cautelosamente” estas chamadas telefónicas, por muito credíveis que possam parecer. Uma vez identificado o teor da chamada, a pessoa não só “não deve” responder, como deve mesmo desligar. Depois, pode sempre reportar o facto ao Ministério Público ou aos órgãos de polícia criminal, seja presencialmente ou por escrito, em papel ou e-mail para os serviços do Ministério Público ou ainda pelo Sistema de Queixa Eletrónica.

No ato da queixa “não tem que saber qualificar juridicamente o tipo de crime em causa (o “nome” do crime)”, assim como “não tem que saber a identidade do autor do crime” ou sequer ter um advogado, explica o Ministério Público. A queixa é gratuita. No entanto, para que a denúncia seja completa e percetível deve fazer o relato de factos: “contar o quê, quem, quando, onde, como, porquê”, continua o MP. Exemplo: “recebi uma chamada telefónica deste número [apresentando-o], no dia X, com o propósito X em que me disseram X”.

Ao desligar a chamada sem ter dado ao burlão qualquer tipo de dado pessoal, “a ação criminosa não vai mais longe e fica por aí”, lê-se na nota da PGR. É possível que receba novas chamadas de outros números com o mesmo propósito, mas basta voltar a desligar para que a burla não vá avante. 

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