Domingo, Janeiro 12
  • Maria Luís Gameiro participa do Rali Dakar na Arábia Saudita e vai se relacionar na Fugas com sua experiência em cada etapa

É sabido que toda esta segunda metade do Dakar terá etapas mais longas, não apenas de setores seletivos, mas também de ligações. Este sábado, porém, enfrentámos a mais longa de todas, com um pouco mais de 600 quilómetros ao cronómetro, e 220 de ligação. Foi muito exigente, mas cá estou eu, e de sorriso nos lábios.

Acho que finalmente encontramos o ritmo que melhor nos serve. Sabemos que não estou “autorizada” a exigir um ritmo mais forte. Sabemos que, no sentido de evitar problemas (que nunca sabemos se são ou não solucionáveis), o melhor é mesmo manter uma toada mais “suave”, mas que nos garanta chegar ao final. Essa é a nossa meta diária. Tudo o resto chega por acréscimos.

Hoje conseguimos fazer valer esta “política da cautela” e isso foi refletido na classificação final. Garantimos o 28º lugar na categoria Challenger e esta foi, afinal, a nossa melhor posição numa etapa neste Dakar. Estou contente por tudo: o resultado é positivo, o carro esteve consistente e eu e Zé estamos bem fisicamente. Se pensarmos que cumprimos um dia com mais de 900 quilômetros de etapa e no qual estivemos mais de 12 horas dentro do carro, esta etapa foi cumprida com sucesso.

Tenho pensado muitas vezes na forma como estou a gerir esta minha estreia no Dakar, fazendo, obviamente, uma comparação com as outras mulheres em prova. A verdade é que diante de todas elas, eu tenho diversas “handicaps” que, entretanto, até já foram motivo de conversa (e muita brincadeira) entre nós: eu não sou apenas uma das “rookies”, uma das principiantes, do pelotão, sou também dos poucos “não-profissionais” de corridas. Divirta-me muito e alimente diariamente esta minha paixão pelo automobilismo, mas subir de nível terá, consequentemente, outras critérios…

A etapa de amanhã vai voltar a pôr à prova a nossa resistência, física e mental. São mais 400 quilómetros de especial e quase 300 de ligações num “loop” de ida e volta a Al Duwadimi. Pelo fato de motos e carros cumprirem pistas diferentes, a etapa será mais favorável em termos de horários. Arrancamos mais cedo para um especial e, isso, deverá significar que, se não houver problemas, também chegaremos mais cedo ao bivouac (acampamento). O desafio vai voltar a ser o final de etapa, que terá mudanças de piso constantes.

Diante de tudo aquilo que já passamos, espero conseguir fazer uso do que já aprendi até aqui…


A autora escreve segundo o acordo ortográfico

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