Domingo, Julho 7

Análise

Foi assessor de Manuel Maria Carrilho, José Sócrates e Luís Filipe Vieira e está agora no centro das operações da PJ, Luís Bernardo foi “sempre alguém que esteve muito à vontade neste mundo, entre a política e os negócios”, realça Bernardo Ferrão.

O ex-assessor e atual empresário é suspeito de crimes de corrupção e de contração pública falseada. As buscas estão a decorrer em mais de 20 locais e envolvem mais de 150 inspetores e magistrados. Entre as empresas visadas está a Wonder Level Partners, de Luís Bernardo. O Ministério Público e a PJ suspeitam de um alegado conluio entre autarquias de Norte a Sul do país para a viciação das regras da contratação pública. Bernardo Ferrão explica os contornos desta operação e traça o perfil deste ex-assessor político e também antigo diretor de comunicação do Benfica.

“Luís Bernardo começou a sua carreira muito ligada ao PS, começou por ser assessor de imprensa de Manuel Maria Carrilho e repara como acabou a carreira de Manuel Maria Carrilho. Depois, foi assessor de José Sócrates durante os governos de José Sócrates e repara como acabou a carreira de José Sócrates. Depois foi assessor de Luís Filipe Vieira no Benfica e repara como acabou a carreira de Luís Filipe Vieira”.

Bernardo Ferrão sublinha que Luís Bernardo “andou sempre na órbita de um poder que nem sempre foi transparente, de um poder muito opaco”.

O ex-assessor político passou depois a estar muito ligado aos negócios “muito pouco claros e a figura de Luís Bernardo sempre foi alguém muito polémico e alguém que tinha muita facilidade em mexer peças inclusivamente na comunicação social”.

Esteve também ligado à Media Capital, liderada por Mário Ferreira. “Diário de Notícias e Jornal de Notícias e, portanto, esta é a pessoa que está no centro destas destas operações, sempre alguém que esteve muito à vontade neste mundo, entre a política e os negócios”.

“Alguém que fazia muito este jogo e, portanto, é importante sublinhar este passado e esta ligação que teve a Manuel Maria Carrilho a José Sócrates e Luís Filipe Vieira”, considera Bernardo Ferrão.

João Tocha, amigo pessoal e consultor de Luís Bernardo que é dono da empresa First Five Consulting, é também alvo desta operação.

As autoridades acreditam num esquema de criação de aparência fictícia de legalidade, que envolve não só a empresa de Luís Bernardo como a do amigo João Tocha, e ainda a Remarkable, de um sócio de Tocha, e a Sentinelcriterion, de um sobrinho de Luís Bernardo.

De acordo com o comunicado da PJ enviado às redações, foram executados 34 mandados de busca e apreensão, nomeadamente, 10 buscas domiciliárias, 13 não domiciliárias em organismos públicos e 11 buscas não domiciliárias em empresas nas zonas de Lisboa, Oeiras, Mafra, Amadora, Alcácer do Sal, Seixal, Ourique, Portalegre, Sintra e Sesimbra.

Compartilhar
Exit mobile version