Segunda-feira, Outubro 7

Quando começar?

As recomendações atuais sugerem que embora a idade seja um bom preditor de preparação para introdução de alimentos, mais importante do que isso, é avaliar sinais de prontidão do bebé. Isto inclui a sua capacidade de se sentar e segurar o peso do pescoço e cabeça, a coordenação entre os olhos, as mãos e a boca, mostrar interesse pela comida dos adultos, e ter um reflexo de protusão da língua diminuído.

A maioria dos bebés não têm estes sinais antes dos 6 meses, por isso as recomendações atuais da Organização Mundial de Ssaúde (OMS) são para iniciar a alimentação complementar a partir dos 6 meses, independentemente de se é um bébe que bebe leite materno ou leite de fórmula.

A partir dos 6 meses, as necessidades nutricionais mudam e há uma maior necessidade de ferro, zinco, e outras vitaminas, daí ser importante introduzir novos alimentos.

O que introduzir e como?

É possível que já lhe tenham dado aquelas tabelinhas complexas que dizem que primeiro se introduz um legume laranja, depois um verde, e que não se pode dar morango, gluten ou camarão antes dos x meses. Mas, na verdade, muitas destas regras são mais culturais que científicas e o que sabemos hoje em dia é que há muito poucas regras rígidas ou verdades absoultas.

Pode optar pela forma mais tradicional de introduzir novos alimentos, usando pápas e purés, ou então deixar que o bebé guie o processo de introdução alimentar, o chamado baby led weaning. Esta última opção têm benefícios interessantes, porque permite que o bebé explore diferentes alimentos e texturas, sempre tendo em conta a sua fase de desenvolvimento. Mas seja qual for a forma, o importante é que esteja informado sobre como apresentar cada alimento de forma segura, e saiba avaliar sinais de alarme. De resto, é adaptar as recomendações à realidade de cada bebé e de cada contexto sociocultural.

Ao contrário do que se pensava antigamente, os alimentos com potencial alergénico devem ser introduzidos em todas as crianças antes do primeiro ano. Isto porque atrasar a sua introdução pode aumentar o risco de desenvolver alergia. Aqui o importante é saber como oferecer esses alimentos, e oferecê-los de forma isolada para perceber se há alguma reação, e manter a vigilância.

Em relação a alimentos proibidos, esses sim com evidência que nos mostra que podem ser prejudiciais antes do 1.º ano de vida, falamos primeiro de alimentos com elevado risco de engasgamento, como frutos secos inteiros, uvas, ovo, cenoura cura, salsichas ou outros alimentos que possam obstruir a via aérea. Aqui é essencial que adapte o corte e consistência para garantir que não ha risco de engasgamento.

O mel e o leite de vaca também devem ser evitados no primeiro ano. O mel pelo risco de botulismo, e o leite de vaca, por aumentar o risco de défice de ferro e pela sua composição nutricional. Bebidas vegetais de arroz, amendoa ou coco não estao recomendadas porque não têm o aporte nutricional necessario para um bebe até ao 1 ano. Se houver necessidade de exclusao de proteina do leite de vaca há opções apropriadas que deve discutir com o seu médico ou pediatra.

O sal e acúcar devem ser evitados sempre que possível, e para isto é importante que leia bem os rotulos, mesmo dos alimentos que dizem ser aptos para bebes. Há muitas papas, bolachas, e snacks com bebés sorridentes na embalagem mas que são tudo menos baby friendly. E, atenção, porque as vezes em vez de acúcar vai ler “maltodextrina”, concentrado de uva, ou outros nomes equivalentes que facilmente nos enganam.

O que fazer quando o bebé não quer comer?

No primeiro ano é normal e expectável que isto aconteça, e não há problema, desde que se garanta que não há alterações no crescimento ou outros sinais de alarme. O leite materno ou de fórmula continua a ser a principal fonte energética nestes casos.

Por isso, deve respeitar os sinais de satisfação do seu filho, como virar a cara ou afastar-se da comida. Sei que é difícil mas não fique frustrado, porque o apetite, tal como nos adultos é variável, e ninguém gosta de ser forçado a comer quando não têm vontade.

Há muita desinformação sobre introdução da alimentação complementar e isso torna o processo muitas vezes assustador e aparentemente complexo. Mas na verdade, é uma ótima altura para introduzir estilos de vida saudáveis em toda a familia e começar a partilhar um momento tão importante quanto as refeições. É aqui que a prevenção de doenças começa, por isso informe-se, peça ajuda, e aproveite.

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