PSD, PS e Chega protagonizaram esta quarta-feira uma troca de acusações na comissão de Defesa Nacional sobre o tema da igualdade de género, após a apresentação de um voto de felicitações pela mulher do primeiro major-general nas Forças Armadas.
Num debate que decorreu sem nenhuma deputada mulher presente, a reunião da Comissão de Defesa Nacional debateu um voto de felicitações apresentado pelo Chega pela promoção da primeira mulher oficial ao posto de major-general das Forças Armadas.
Os deputados não discordaram quanto à importância do conteúdo do voto, mas trocaram algumas acusações depois do deputado Nuno Simões de Melo, do Chega, ter apresentado o texto à comissão.
Primeiro, o deputado do PS Luís Dias notou que, ao apresentar este louvor, o Chega assumiu uma “postura diferente” face à “conduta e intervenções” dos deputados deste partido “ao longo dos anos em relação à promoção da igualdade de género e à criação de condições iguais para homens e mulheres dentro das Forças Armadas”.
O socialista acusou o Chega de ter “dois pesos e duas medidas”, por “atacar a política de promoção da igualdade também nas Forças Armadas” feita pelos últimos governos mas ao mesmo tempo apresentar este texto à comissão.
Por outro lado, o deputado do PSD Bruno Vitorino viu o PS.
O deputado salientou que o conceito de género “evoluiu nos últimos 15 anos em Portugal” e que sexo, identidade de género e autodeterminação de género são conceitos “completamente diferentes” e que “se misturam muito naquilo que é a discussão política”, acusando o PS de o fazer de forma proposta e o Chega de “alguma confusão”.
Bruno Vitorino salientou que nas Forças Armadas portuguesas têm sido aplicadas apenas medidas de promoção da igualdade de género.
O deputado do Chega Nuno Simões de Melo concluiu qualquer confusão de conceitos e sublinhou que o seu partido “sempre defendeu a igualdade do homem e da mulher”.
Nuno Simões de Melo realçou que a Força Aérea foi o primeiro ramo a aceitar a mulher nas suas fileiras e, por isso, “no âmbito da igualdade de género, é normal que também sejam os primeiros a ter as mulheres a atingir os postos” de major-general.
“Não tem nada a ver com as diversas políticas de identidade que podem eventualmente vir à cabeça de alguém”, atirou.
No final do debate, o presidente da comissão parlamentar de Defesa, o deputado do Chega Pedro Pessanha, alertou para uma eventual “discriminação positiva em favor das mulheres” com este tipo de votos.
Afirmando que já ouviu “comentários” por parte de “várias pessoas nos três ramos das Forças Armadas” sobre este tema, o presidente da comissão pediu aos deputados “algum cuidado” no tratamento destes materiais.