Terça-feira, Janeiro 7

Justin Trudeau, o primeiro-ministro do Canadá, deverá anunciar sua renúncia à liderança do Partido Liberal (LPC) nos próximos dias, avança o jornal canadense O Globo e o Correio. A demissão da carga partidária não implica a renúncia imediata à chefia do Governo, não sendo claro se Trudeau já será substituído por uma figura interna, ou se mantém no executivo até à escolha de um novo líder dos liberais de centro-esquerda, num processo que poderia prolongar-se por três meses.

De acordo com o O Globo e o CorreioTrudeau pretende anunciar a sua decisão antes da realização de uma reunião da cúpula liberal marcada para quarta-feira, evitando assim ser afastado pelo partido. A demissão, noticia o diário canadiano, citando três fontes partidárias, pode acontecer já esta segunda-feira.

Dominic LeBlanc, que transitou no final de Dezembro para a pasta das Finanças após a demissão de Chrystia Freeland, terá sido abordado por Trudeau para assumir interinamente a chefia do Governo, acrescenta o mesmo jornal. No entanto, a candidatura provável de LeBlanc à liderança do LPC inviabilizaria esse cenário. George Chahal é outra hipótese para a chefia interna do executivo.

Na corrida à liderança dos liberais, de acordo com o Globoe para além de LeBlanc e de Freeland, contarão também com Mark Carney (antigo governador do Banco do Canadá e do Banco de Inglaterra), Sean Fraser (ex-ministro da Habitação), Mélanie Joly (chefe da diplomacia canadiana), François-Philippe Champagne (ministro da Inovação), Anita Anand (ministra dos Transportes) e Christy Clark (ex-líder do governo da província da Colúmbia Britânica).

Crise de liderança

Líder dos liberais desde 2013 e primeiro-ministro canadense desde 2015, Trudeau tem sido fortemente penalizado nas sondagens nos últimos anos devido à inflação e ao aumento dos custos de habitação. Em Setembro, os liberais perderam o apoio parlamentar do Novo Partido Democrático (NDP) de Jagmeet Singh, de esquerda, em protesto pelo cumprimento de promessas de investimento público e de reforço dos serviços sociais.

A crise de liderança acelerou em Dezembro com a demissão de Freeland, então ministro das Finanças e uma importante aliada do primeiro-ministro, em desacordo veemente com a estratégia de Trudeau para responder à ameaça feita pelo Presidente-eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, decretar taxas pesadas aduaneiras sobre os produtos canadenses. O espectro de uma guerra comercial com o vizinho do Sul, num cenário de ingovernabilidade, estagnação econômica e crescente insatisfação social, veio intensificar uma atmosfera de fim de ciclo em Otava, com Trudeau a fazer saber que tinha entrado em reflexão durante o Natal.

O Canadá deverá realizar eleições legislativas até Outubro, com as sondagens a indicar neste momento que, com Trudeau, os liberais seriam dizimados pela oposição conservadora de Pierre Poilievre, consistentemente acima dos 40% de intenção de voto, e que poderiam mesmo ficar abaixo dos 20 %, atrás do NDP. A esperada demissão do primeiro-ministro deverá agora acelerar e intensificar os pedidos de eleições antecipadas, o que não deve contudo ser realizado antes do final do Inverno.

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